quarta-feira, 24 de outubro de 2007


O galero como objecto funerário
O chapéu de gala dos cardeais romanos, ou "galero", foi instituído pelo Papa Inocêncio IV em 1245, no Concílio de Lião, e abolido pelo Papa Paulo VI em 1969.
Nem todos os cardeais católicos concordaram com a supressão, pois o galero era colocado pelos papas na cabeça dos cardeais como ponto alto da incardinação, ritual em tudo comparável à coroação dos monarcas ocidentais e investidura doutoral praticada durante séculos em universidades como Bolonha, Salamanca, Coimbra e Oxford.
O galero escarlate, guarnecido de cordões e borlas, era frequentemente exibido em entradas solenes, cavalgadas, audiências papais e exéquias. Nos cortejos pedestres e cavalgadas, tanto poderia ser colocado na cabeça do portador (frequentemente sobre o capuz da murça de veludo e arminhos), como exibido por um pagem no alto de um varal, conforme documenta a sumptuosa entrada do Imperador Carlos V em Bolonha. Nas audiências concedidas pelos pontífices no Vaticano, os cardeais deveriam envergar trajes talares de audiência, sendo acompanhados por um camareiro que, postado na sua rectaguarda, conduzia o galero suspenso à altura do peito, como se capacete militar ou coroa real fora.
Durante o velório dos cardeais, o galero era depositado aos pés do esquife. Após a sua morte, em muitas catedrais ocidentais prevaleceu o costume de suspender o galero sobre a arca tumular do antigo detentor.
Um número diminuto de cardeais, pouco conformado com a simplificação das insígnias, continua a mandar confeccionar em alfaiatarias de Roma um chapéu próximo do antigo galero. Trata-se do chapéu romano, também dito "capello" e "saturno", em feltro e castorina, de copa esférica, aba curta e ornado de glandes.
O exemplar que se apresenta pertenceu ao Cardeal irlandês Michael Logue, que era Arcebispo de Armagh, e encontra-se suspenso no tecto do referido templo desde o ano de 1924.

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