quinta-feira, 23 de outubro de 2008


Hospedeiras
Num período em que os liceus portugueses tinham o tailleur preto definitivamente consagrado como "traje feminino", e após experiências similiares implementadas pelos corpos de enfermeiras militares da Grande Guerra, os regimes autoritários de entre guerras começavam a apostar no enquadramento das juventudes através de organizações partidário-propagandísticas que não dispensavam os fardamentos femininos.
As primeiras companhias de aviação civil, em processo de afirmação na passagem da década de 1920 para os anos 30, apostaram na credibilização da sua imagem através do recurso às fardas da marinha. O processo não era novo, nem tinha dada de original. Em França, o uniforme militar preenchia o imaginário e funcionava como instrumento de reforço da imagem do Institut de France, da École Polytéchnique e das escolas de artes e ofícios. Desde a segunda metade do século XIX que as famílias aristocráticas, a burguesia abastada e colégios particulares vestiam as crianças com fatos de marujinho. Como tal, não suscita surpresa que em 1930 a filial brasileira da Boeing tenha contratado 8 enfermeiras para "aeromoças", desde logo fardadas com tailleur estilo marinha/navy. O rastilho incendiou, a uma escala globalizada, com a aeronáutica civil a apropriar-se definitivamente dos fardamentos da velha marinha.

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