sábado, 24 de janeiro de 2009


Capote e capelo
Mulher da cidade da Horta, Ilha do Faial, numa saída de missa em 1948 com o capote e capelo. Este modelo, com pequenas variantes (caso da Ilha de S. Miguel) foi usado em quase todas as ilhas desde o século XVI a ca. 1950. Entre 1948-1950, aproximadamente, foi derradeiramente avistado em dias de missa na Igreja de Santa Maria Madalena e na Igreja de São João Baptista da Ilha do Pico, território onde o gosto feminino terá favorecido o azul ferrete. O capote era confeccionado em lã ou merino, em tons de preto e de azul ferrete. Nas ilhas do Pico e Faial, a toda a volta do colarinho, o capote exibia um cabeção que caía em bico pelo dorso. Na Ilha de São Miguel, o capelo, também entretelado com cartão e armado com arames ou barbas de baleia, era ligeiramente diferente e independente do capote, na medida em que a ele estava fixado por colchetes e podia guardar-se no arquibanco doméstico em separado.
O capote e capelo avistado na cidade da Horta dera que falar em 1888, data em que dele saiu em Lisboa uma litografia de Manuel Macedo integrada no Álbum de Costumes Portugueses. O título da crónica anexa, assinada por Filaho de Almeida, é incorrecto e inapropriado ("O capuz-Trajo do Faial"). O cronista não se mostra nada compreensivo com este bizarro traje que considera herança das mulheres islâmicas e símbolo de estagnação cultural. Ainda assim, e esta é a parte mais aproveitável da crónica, informa que em 1888 trajes da mesma família ainda eram avistados em diversas localidades de Espanha, Beira Litoral, Beira Baixa, Algarve, Covilhã, Braga, paróquias de Trás-os-Montes e em Cernache do Bonjardim.

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