sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Mantilha e véu tradicionais de Portalegre. O debate ilustrado oitocentista balizado entre reaccionário versus progressista não elegeu apenas como alvo preferencial o hábito talar académico conimbricense. O capote e capelo dos Açores, o capote e bioco do Algarve e as várias mantilhas e cocas (Coimbra) foram erradamente associadas à identidade visual da mulher islâmica e alvo de campanhas denegridoras.
Tratava-se de um debate duplamente armadilhado e sem solução a contento: primeiro porque os críticos da subalternização da mulher islâmica estavam a produzir a manter em vigor no Ocidente códigos civis e criminais que consagravam explicitamente a inferioridade da mulher; segundo, porque na cultura provincial portuguesa os capotes, capelos e mantilhas eram concebidos, apropriados e exibidos pelas mulheres como vestes de aparato que simbolizavam aquisição de honorabilidade e reforço de estatuto social.

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