quinta-feira, 3 de setembro de 2009


À medida que cresce o século XIX, os estudantes da UC degladiam-se na luta entre uma dimensão mais conservantista da instituição e um irreprimível fascínio pela laicização, cientificação e aburguesamento da sua escola. Para os alunos da geração de 1860, os primeiros a inscrever no imaginário uma imagem da instituição como "madrasta" irreformável, a UC faça o que fizer nunca está alinhada com a visão idealizada que dela se vai construindo.
O desconforto crescente criticava tudo ou não reflictia o estilo de vida burguês, o que na prática implicava capturar e ostracizar tudo quanto pudesse lembrar o imaginário aristocrático, clerical e barroco.
Um dos objectos de prestígio usado por docentes e estudantes do último ano de curso desde o século XVI era a pasta forrada de tecido para transporte e resguardo de documentos/papéis e a capa de cetim, seda ou damasco confeccionada para protecção de livros e cadernos de notas. As pastas e capas podiam ser manualmente pintadas ou bordadas, ostentando as mais luxuosas embutidos em metais preciosos e trabalhos de passamanaria em fio laminado. Nas capas havia sempre um fitilho comprido que servia para marcar as páginas que se estavam a ler ou as folhas de escrita. Nas pastas cosiam-se uns oito fitilhos que eram rematados por nós e laçarotes.
Foram estas pastas que estiveram na origem das pastas de luxo dos quintanistas, um dos poucos objecto de prestígio e ostentação que a cultura estudantil oitocentista valorizou.
Na foto: capa de caderno de notas de inícios do século XIX

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