sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Património vestimentário... (cont.)
Do “talar” ao “casacar”

O edital reitoral de 10 de Outubro de 1863 , não obstante o seu cariz liberalizador, não era um texto conseguido do ponto de vista vestimentário. Pretendendo instaurar uma divisão clara entre grande uniforme, destinado a actos solenes, e pequeno uniforme, de cariz funcional quotidiano, o autor do texto limitava-se a autorizar os sapatos pretos vulgares e as botinas, as calças compridas, a camisa branca, a gravata e o colete civis pretos e a casaca burguesa integralmente abotoada na frente. A ausência de um regulamento e de desenhos de apoio não ajudou a clarificar o espírito subjacente à reforma. Seguir-se-ão novos ciclos transgressivos, marcados pela falta de equilíbrio entre as novas realidades emergentes (feminilização discente), opção por tecidos de qualidade discutível em resistência e cor, bem como crescente tendência para o desencontro entre a morfologia da indumentária e a anatomia corporal.
Nas instituições escolares, militares e religiosas onde se mantinha o porte diário de uniforme, os tempos ditavam a distinção entre um grande uniforme ou traje de gala e um pequeno uniforme para serviço corrente. A Casa Papal não ficou indiferente a estas orientações. Por volta de 1870 o Papa Pio IX autorizou, em situações protocolares específicas, o uso do “abito piano”, composto por sapatos pretos de fivela, meias altas, calções, batina romana preta sem cauda e avivada, faixa de seda, cabeção, volta, romeira de ombros, e como cobertura de cabeça o solidéu e o barrete quadrangular .
Na Coimbra do após 1863, relativamente aos momentos solenes e cerimónias, continuava a exigir-se o porte de calções e de volta branca, sendo a última disposição comum aos eclesiásticos, magistrados judiciais, oficiais de justiça e militares.
O edital reitoral promulgado por Vicente Ferrer era omisso quanto ao traje dos lentes e estudantes clérigos, situação enquadrada pelos usos e costumes, nada adiantando quanto às vestes a usar pelos lentes e estudantes civis em contextos cerimoniais e festivos, nem quanto aos padrões de tecido apropriados às situações Verão/Inverno e hábito grande/hábito pequeno.
A questão das insígnias próprias dos graus académicos não era contemplada, num momento da história da instituição em que as insígnias de bacharel e de licenciado estavam caídas em desuso, restando tão-somente as insígnias doutorais. Reagindo contra a escassa visibilidade e inconsistência da formatura, os bacharelandos ocuparão a segunda metade do século XIX a transformar os fitilhos de atar as pastas em ostentatórias fitas de seda e a implementar festas de formatura alternativas ao vazio institucional existente, com recurso à récita de gala, balada de despedida, carta de curso (=álbum fotográfico), serenata fluvial, banquete comunitário, lançamento de foguetes e desfile público abrilhantado por filarmónica.
A ausência de elementos femininos na UC manteve o debate rigorosamente circunscrito aos códigos vestimentários masculinos. A breve-trecho registou-se uma tendência para o uso generalizado do hábito pequeno em momentos solenes como a colação do grau de doutor, quando este traje não se coadunava com o valor patrimonial nem com a linguagem estética da borla e capelo. Numa análise comparada entre as peças nucleares do hábito pequeno conimbricense autorizado em 1863 e a toga talar instituída como veste de trabalho na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa em 1856, e na Escola Médico-Cirúrgica do Porto em 1857, facilmente ressalta a inferioridade da opção coimbrã. O mesmo vale para a comparação entre o pequeno uniforme conimbricense a a toga dupla consagrada nas escolas superiores de Medicina do Rio de Janeiro e São Salvador da Bahia.
Qual o exacto alcance da “reforma” de 1863, no que ficou escrito e no que se não chegou a escrever?

Hábito Pequeno: seguindo as pisadas francesas que apontavam para a dicotomia pequeno uniforme/grande uniforme, amplamente consagradas em Portugal a propósito das fardas militares, nas Escolas Médico-Cirúrgicas e na Casa Papal ao instituir por volta de 1870 o “abito piano”, a UC autorizou o porte de um uniforme funcional, destinado a uso diário, leccionação e aulas de prática laboratorial. Na data em que foi aprovado, este traje era extensivo à totalidade do corpo docente e discente da UC e do Lyceu de Coimbra. O seu uso não era obrigatório e, pelo que se apurou, os estudantes clérigos da Faculdade de Teologia não o chegaram a adoptar, nem os lentes daquela Faculdade que continuavam a envergar o hábito talar eclesiástico romano.
A distinção entre pequeno uniforme e grande uniforme (ou farda de gala) era aplicada desde 1836 aos fardamentos dos archeiros e oficiais da UC. Abolido o tricórnio de feltro, a cabeleira postiça e a grande casaca verde agaloada, o corpo dos archeiros passara a usar em contextos de trabalho uma farda composta por barretina redonda ornada de tope azul e branco, casacão de saragoça com o colarinho avivado a azul e carcela de botões metálicos, calça comprida da mesma fazenda, sapatos comuns, espadim e cinturão de couro preto apertado na frente com uma fivela de latão amarelo.
Nos dias de grande gala, os archeiros envergavam o grande uniforme napoleónico, semelhante ao adoptado pela casa real, à base de sapato preto de fivela de prata, talabarte agaloado, espadim, alabarda, calções, meia branca de seda, colete branco, lacinho branco, luvas brancas, casaca de abas de grilo em lã azul ferrete e bicórnio de feltro. Num território marcado por relações de proximidade, rumores e dichotes, os estudantes divertiam-se espiando os lentes e funcionários. Raros eram os archeiros que não tinham alcunhas e, reproduzindo os ambientes masculinos aldeões onde se devassava a vida privada, havia quem se divertisse a espreitar a barriga da perna dos archeiros e os eventuais chumaços que alguns trariam por dentro das meias de seda.
A distição era extensiva aos oficiais maiores e menores, neles se incluindo o guarda-mor, os bedéis e os contínuos. No dia-a-dia os funcionários vestiam mantéu, calça comprida preta, casaca burguesa preta, colete preto e camisa branca. Nos dias de cerimónia, os funcionários exibiam mantéu de luxo (forrado de cetim preto), casaca, calções e colete tudo em veludo preto, com as bocas de mangas forradas de renda, camisa branca fina, plastron de duas línguas, meia alta preta e sapatos de couro ornados de fivela de prata, bem como luvas brancas. Fazia parte do conjunto um chapeirão preto redondo, tombado no esquecimento após a reacção às cabeleiras postiças.

Eram peças comuns ao pequeno uniforme académico:

-sapatos pretos comuns ou botinas pretas de couro ;
-meias pretas ;
-calças compridas pretas, de abertura de alçapão, com ulterior consagração da braguilha de carcela interna;
-colete preto de carcela de trespasse, munido de seis botões médios, forrados, e decote em V ;
-camisa branca, lisa, sem golas apostas ao colarinho;
-opção facultativa por plastron ou laçarote preto, cujas pontas se deveriam usar por dentro da frock-coat (casaca);
-gorro preto tubular, de porte facultativo, de uso comum aos lentes;
-“batina” preta de sarja, cintada, colarinho raso, com as mangas e costas talhadas no formato da “frock-coat” burguesa da época, e carcela dianteira integralmente fechada com uma fileira de botõezinhos planos forrados de tecido. Bainha inferior quase à meia perna, sendo ligeiramente mais comprida para os lentes;
-capa preta singela, em lã ou sarja, embainhada para os lentes, sem bainha para os estudantes amigos dos rasgões, colarinho raso, dispondo a dos estudantes de alamares, e a dos docentes de cordão de borlas ou de cordão simples.

Diferentemente do hábito talar histórico, o pequeno uniforme marca o triunfo das virtudes burguesas: ordem, trabalho, poupança, austeridade, normalização dos costumes de vida. Convocando um certo espírito de seita publicamente expresso na indumentária, o pequeno uniforme parece incorporar reminiscências das vestes puritanas seiscentistas, e bem assim do trajar frugal dos Quakers e dos Amish. À luz do espírito de poupança e contenção dos gestos, os amplos panejamentos, as linhas evasés, os bordados e os tecidos de luxo claudicam. Impera um figurino vincadamente geométrico, onde não há lugar para excessos de alfaiataria. Se dantes eram admitidos o preto, o pardo e o castanho, agora o preto é a única cor autorizada.
A indumentária masculina descrita manteve-se relativamente estável até à sua abolição em 23 de Outubro de 1910. Antes de 1912 não se registam ingressos femininos no claustro docente. As primeiras alunas haviam chegado à UC em 1891, mas a Casa Reitoral optou por dispensar as estudantes do porte do uniforme escolar. No que respeita à “batina”/”frock-coat”, na passagem para a década de 1870 os estudantes abandonaram a carcela de botõezinhos, passando a usar quase até ao período do Ultimato Britânico de 1891 carcela interna e colarinho adornado de gola de orelhinhas, tipo gabardine. Entre o Ultimato e a Greve Académica de 1907, a “batina” perde novamente a gola de orelhinhas, acentuando-se os actos provocatórios tendentes ao andar desabotoado. A Greve de 1907 hiperboliza a moda da abertura da “batina”, com as lapelas a dobrar sobre o peito em V e o recurso aos adornos de cetim, numa época em que as golas e lapelas em cetim eram símbolo de distinção social para os novos-ricos. A capa passa a usar-se enrolada no colarinho.
Os lentes pró-republicanos, positivistas e anticlericais, seguiram na peugada dos estudantes, mas nunca desabotoaram a “batina”. O 5 de Outubro de 1910 surpreendeu a “batina de lente” integralmente abotoada na frente com carcela fingida, comportando sobre esta uma carcela ornamental à base de botõezinhos revestidos de tecido. É este modelo que se retoma, ao arrepio de todos normativos protocolares, a partir de 1915, como traje de gala masculino, numa versão ainda mais despojada e banalizada, sem carcela ornamental, e com os botões forrados substituídos por botões de massa, numa conjuntura política e cultural hostil à herança patrimonial da UC.
Fazendo jus aos ditados populares “Quem tem capa sempre escapa”, ou “A capa tudo tapa”, a UC atravessaria um século XX confinada ao pequeno uniforme, cujo talhe e tecido não estão em equilíbrio com as insígnias doutorais barrocas e a antomia corporal.
Nas universidades de Lisboa e do Porto, onde este traje teve algum acolhimento, são de destacar três situações:

a) docentes da Faculdade de Direito da UL, que transpuseram o paradigma conimbricense sem modificações;
b) diversos docentes de Lisboa e Porto que usaram a capa e a “frock-coat” apenas entre a fase de defesa de provas doutorais e a ascensão a catedrático, passando então ao porte da toga talar por considerarem que a capa e a casaca não se coadunam com a dignidade de professor catedrático ;
c) a invenção da versão feminina do hábito talar, à base de batina/saia pela linha do joelho em 1945 na Faculdade de Ciências da UP.

A situação descrita torna-se ainda menos inteligível quando se sabe, por via do estudo comparado dos trajes populares regionais portugueses, que no mesmo período em que a UC confundia o hábito pequeno com o hábito de cerimónia diversos elementos do povo intentavam a sua afirmação social através do recurso a capas de luxo, e à confecção de corpinhos (blusas) e saias em sedas lavradas (brocado).
Assim, entre a década de 1850 e o findar da Grande Guerra de 1914-1918, afirmam-se em Portugal as peças de aparato das lavradeiras abastadas ou meias-senhoras e o acesso a capotes, gabões e capas de gala :

-corpinhos ou chambres de seda preta lavrada exibidos em momentos festivos e solenidades por lavradeiras ricas do Minho (Meadela, Braga), Vila Nova de Gaia e Gondomar;
-coletes garridos de seda lavrada, atados na frente com cordões (Minho, Douro Litoral, Beira Litoral);
-aventais de seda lavrada (Vila Nova de Gaia);
-saias compridas pretas em seda enramada, amplamente pregueadas, podendo comportar folhos e barras de veludo (Vila Nova de Gaia, Gondomar, Santa Maria da Feira, Paços de Brandão);
-capotes e gabões burgueses, e peças de indumentária diversa como a capa de honras de Miranda do Douro, o capote debruado da lavradeira rica de Braga, o mantéu feminino de Ovar, a meia capa de Santa Maria da Feira, a capoteira da tricana de Coimbra, a capa de honra de Paços de Brandão, a capa de festa de Castelo de Vide, o bioco do Algarve e o capote e capelo dos Açores.

Em recolhas etnográficas do período da Grande Guerra, José Leite de Vasconcelos confirmou a presença de capas talares pretas e azuis escuras, de certo aparato, em diversas localidades: masculinas e femininas, semelhantes à estudantil, em Penamacor durante o Inverno ; em povoações de Trás-os-Montes, capas femininas próximas das eclesiásticas e académica ; capas pretas e azuis escuras observadas nas mulheres do Baixo-Minho; capas talares domingueiras, exibidas pelas mulheres de Leiria e do Cartaxo, sendo as de Leiria ricamente ornamentadas na frente e na gola .

Ou seja, não é facilmente compreensível que o hábito talar da UC se tenha convertido num conjunto esteticamente inferior a uma peça da indumentária popular portuguesa como a capa de honras de Miranda do Douro, o capote e capelo dos Açores, a capa domingueira das leirienses, o capote alentejano e o gabão do tipo aveirense.
Como já se demonstrou, contra este insólito empobrecimento ergueu voz um bem documentado conhecedor de costumes populares portugueses e de questões estéticas, José Ramalho Ortigão, na crónica “O estudante de Coimbra”, apensa à litografia publicada em 1888 no “Álbum de costumes portugueses”. Se a adjectivação empolada parece conservantista, as interrogações formuladas afiguram-se pertinentes e não respondidas, nem na época nem depois dela.
A perda de identidade do hábito talar abriria as portas a mais de um século de confusão entre uniformes e vestes populares, discurso apropriado desde os alvores do século XX pelos bilhetes-postais ilustrados, figurinhas cerâmicas, capas cartonadas de fonogramas e grupos folclóricos. Na década de 1980 ainda era possível encontrar em Coimbra postais, copos de vidro e figurinhas cerâmicas com o “estudante e a tricana”, conciliação de todo impossível entre farda e traje popular e entre conjuntos de épocas distintas (o da tricana, de ca. 1880-1900; o do estudante, posterior a 1910).

Hábito Grande (versão confessional): embora o normativo de 1863 não o exarasse, mas as disposições estatutárias e a tradição institucional assim o determinavam, os estudantes e lentes da UC que fossem membros do clero regular ou secular mantinham o direito ao porte dos respectivos hábitos talares religiosos. Se após a nacionalização das ordens monásticas de 1834 os docentes e discentes regulares praticamente se não avistavam na UC, o mesmo já não acontecia em relação a estudantes e lentes do clero secular ligados em menor escala à Faculdade de Direito, e em maior extensão à Faculdade de Teologia.
Os alunos de Teologia mantiveram o porte da batina talar romana de um corpo, sapatos pretos de fivela de prata, meias altas e calções, cabeção preto, volta branca rígida e ferraiolo. Os lentes de Teologia usavam os hábitos talares correspondentes às suas dignidades, hábitos esses que iam desde o preto integral ao preto avivado nas cores autorizadas e às vestes de seda nas cores próprias das várias hierarquias. Numa fotografia de 1908, alusiva a lentes da UC que se deslocaram a Lisboa para felicitar o novo monarca D. Manuel II, avista-se um doutor de Teologia com borla e capelo brancos e hábito talar clerical confeccionado em seda preta, em flagrante contraste com o a indumentária singela de dois lentes de Direito que ficaram registados na mesma película. Nenhuma destas antigas disposições foi alterada, continuando os hábitos talares religiosos a ser considerados equiparados ao “habitus academicorum”.

Hábito de gala (versão laica): relativamente aos estudantes e lentes que se prestassem a participar em solenidades, o edital reitoral de 1863 não prescrevia nenhum traje de gala. Apenas se exigia que na colação dos graus de bacharel, licenciado e doutor os graduandos comparecessem com luvas brancas, sapatos pretos de couro/ou verniz e fivela, calções e volta branca. Os lentes civis, ou adquiriam estes acessórios ou recorriam aos préstimos dos seus colegas de Teologia. Os estudantes iam com frequência ao Seminário de Coimbra pedir emprestados os calções, os sapatos e os colarinhos, chegando alguns a usar tiras de cartão branco cortadas à tesoura.
Não se mencionava no texto, mas também não se declarava abolido, o hábito talar histórico, cujas peças nucleares colocavam a UC ao mesmo nível das instituições congéneres britânicas:

-mantéu talar de gala, ou ferraiolo, confeccionada em tecidos ricos como a seda preta lisa ou moiré, que além do cordão de borlas, incluía as duas estolas dianteiras e o cabeção a escorregar pelas espáduas. Apesar das suspeições de clericalismo, o ferraiolo talar era uma peça de gala própria da indumentária dos juízes dos supremos tribunais de Portugal e do Brasil, e em versões menos compridas, dos vereadores portugueses, dos oficiais da UC e dos funcionários judiciais. Na cultura popular provincial portuguesa esta capa de honras ou mantéu de gala era usado como traje de festa por mulheres abastadas (mantéu, capoteira);
-a sotaina ou veste interna, na verdade uma túnica preta larga, de linhas “evasés” susceptível de modernização funcional, através de abotoadura dianteira. Confeccionada em seda lavrada de padrão miúdo, com os canhões adornados de seda lisa brilhante;
-a chamarra ou garnacha, sobreveste que oscilava entre uma versão simples, sem mangas, e variantes mais complexas, à base de incorporação de estolas dianteiras, cabeção, e saio traseiro pregueado entre as omoplatas;
-luvas brancas em contextos cerimoniais e pretas em situações de luto;
-sapato preto de couro adornado de fivela de prata;
-meias pretas de seda;
-calção preto (até 1910), e após 1915 calça comprida e saia.

Esta veste foi regularmente usada pelos juízes portugueses na sua versão histórica até à década de 1960, por estudantes das universidades católicas de Roma, em Oxford, por dirigentes dos domínios britânicos como o Presidente do Senado de Ontário e por funcionários das catedrais de confissão anglicana. Traje caído em desuso em Coimbra, e por diversas vezes invocado, sem que os signatários tenham consciência das características, complexidade e riqueza do que mencionam, uma versão próxima ainda se podia avistar à entrada do século XX nos alunos do Colégio dos Inglesinhos , sito em Lisboa, aqui com a sotaina substituída pela batina talar romana, mas mantendo a chamarra e a estola peitoral lançada em V.

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