sábado, 5 de setembro de 2009


Um estudante da UC de inícios do século XX em conversa com uma tricana aguadeira. Nos alvores do século XX o turismo emergente e os postais ilustrados tentam apropriar-se de alguns temas e convertê-los em sedutoras imagens cristalizadas. O fenómeno foi transversal a outras cidades universitárias europeias, tendo sido postos em circulação postais ilustrados de estudantes galanteadores à conversa com mulheres: Coimbra, Paris, Suiça, Alemanha. Na sociedade civil proliferavam séries de postais ilustrados com pares de apaixonados em vários estados de alma.
Os adeptos da fotografia pericial estavam a tentar provar que existiriam tipos humanos estáveis, identificáveis através de características externas como peças de indumentária, que os cientistas e turistas poderiam identificar a olho nu.
A etnografia estava na moda e alguns dos adeptos dos género tinham vindo a escrever que existiriam em Portugal alguns "tipos" de mulheres descendentes de "raças" ancestrais. Da mesma forma que as avós decidem com quem é que os seus netos se parecem, mesmo quando o não são, também houve estudiosos que acreditaram ver olhos gregos nas mulheres de Aveiro. Uma das musas seria a tricana de Coimbra. A invenção de pares idealizados leva os fotógrafos e ceramistas a inventar o par tricana/estudante, omitindo o futrica e fazendo crer que a capa e batina podia ser considerada um traje popular.

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