sábado, 6 de fevereiro de 2010

Irmãos Gaiteiros
Dado o interesse demonstrado pelo Eng. Henrique Oliveira, da Associação Gaita-de-Foles, na edição on line de dois postais ilustrados de gaiteiros de Coimbra, damos a conhecer estes gaiteiros de uma irmandade do Divino Espírito Santo em peditório pelos finais da década de 1830. O trio é composto pelo alferes da bandeira, gaiteiro e tocador de caixa. O local de captação da imagem é de geografia incerta, podendo ser Lisboa, povoados da Estremadura ou Beira Litoral. Não cremos que possa tratar-se de evento relacionado com Coimbra, pois além da ostensiva ausência do Zé-Pereira, não há conhecimento de nas célebres festas do Divino Espírito Santo de Eiras (cuja cavalgada imperial vinha até à cidade) figurarem gaiteiros.
O gaiteiro traz chapéu de feltro com aba larga, copa troncónica, pompons e travincas, como que a remeter para Ovar ou Ílhavo. Completam o figurino um jaleco esverdeado, camisa clara e calção azul sem atilho. O caixa veste com simplicidade, sapatos escuros, meias brancas, calção avermelhado, cinta, camisa branca e gorro. O alferes traja opa vermelha com romeira verde, lenço, fraque preto e calças compridas listadas. Além do cesto das esmolas, segura o estandarte vermelho com a pomba.
A coordenadora do estudo que acompanha esta recolha sugere que este trio de gaiteiros tenha sido surpreendido pelo aguarelista anónimo algures entre Ílhavo e Ovar. No entanto, o único argumento sólido que permite sustentar tal hipótese é o chapéu do gaiteiro, chapéu que também se usou na Estremadura. A gravura pode muito bem ter sido captada em Lisboa, cidade aberta a migrantes beirões.
Fonte: Ana Paula Assunção - Costumes Portugueses. Aguarelas inéditas. Novos contributos para o estudo do trajo popular em Portugal. Século XIX. Lisboa: A Nova Eclética, 1999, Figura 50.

Este texto foi editado no webblog Guitarra de Coimbra I, de 12.04.2006

0 Comentários:

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial