sábado, 27 de março de 2010

Vida em Oxford, I


Sub fusc ou undergraduate, versão oxiniana masculina
Toga simples, correspondente ao pequeno uniforme dos países de tradição uniformológica napoleónica. De bainha alta, usa-se entre a matrícula e o último exame e também para pedir o grau ao vice-chancellor no Sheldonian, posto o que se vai de imediato vestir a toga de gala e respectivo capelo.
Aparentado corte simples, o sub fusc ostenta costas pregueadas, mangas tubulares de entretalho renascença, discreto ornato de ombros, bandas dobradas na dianteira e cabeção descaído pelos ombros. É envergado sobre fato masculino preto (sapato oxford, calças compridas, casaco preto curto, camisa branca e pappilon branco).
Esta veste parece derivar da toga talar que usavam no século XVII os commoners e os servitors. De assinalar também as parecenças com a toga dos colégios de Aberdeen (dress of bajans), que consta do estudo assinalado por Mawdsley.
Como se pode ver, Oxford consagrou hábito de grande gala e hábito de porte ordinário ou pequeno uniforme, tal como aconteceu em Coimbra desde a década de 1860. O mérito das soluções é bem distinto nas duas universidades. Em Oxford, o hábito comum integrou desde cedo as alunas e no essencial respeita a tradição universitária multissecular. A veste usada, mesmo na sua versão mais singela, é uma toga, radicada na troncatura das togas e opas. Não posso deixar de vislumbrar aqui familiaridade com as antigas opas de algumas irmandades e confrarias.
O hábito de grande gala é, como veio a acontecer nas profissões judiciárias, unissexo. Em Coimbra, o hábito de grande gala cairia no esquecimento (sendo de esperar que fosse redescoberto e revitalizado na sequência do processo de Bolonha). Nesta instituição, sendo o hábito talar existente unissexo para os docentes, o mesmo já não acontece quanto ao corpo discente. Os alunos envergam capa com casaca burguesa e as alunas vestem um tailleur, solução que contradita o próprio regulamento estatutário e os normativos praxísticos pois o fato é traje das funcionárias e não das alunas.
Um pormenor curioso: enquanto que os estudantes de Coimbra usam generalizadamente desde 1911 a gravata preta (em situações de gala o papillon preto, em imitação do smoking), em Oxford mantém-se o papillon branco. Pergunta: quem anda mais próximo das disposições protocolares, Coimbra ou Oxford? Oxford, evidentemente, basta lembrar que as regras de uso da casaca eram (são) muito severas, admitindo tão só o lacinho branco.
Se houvesse algum prémio de boas soluções a atribuir, não hesitaria em votar a favor de Oxford.

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