segunda-feira, 7 de junho de 2010


Cardeal com hábito doméstico
Inícios do século XIX, Itália, cardeal romano com o chamado hábito curto, hábito doméstico, hábito privado, hábito "de abate" ou sotanilla. Conjunto indumentário masculino composto por sapatos pretos de couro e fivela, meias vermelhas de seda fixadas com ligas, calções, casaca civil preta avivada a escarlate e colete preto avivado. Completa o conjunto um tabarro ou capote invernal com romeira e vivos, generosamente forrado, e um tricórnio de feltro.
Por muito estranho que possa parecer, é no hábito privado ou hábito curto que radica o actual hábito talar conimbricense, o qual se supõe erradamente ter origem clerical. Porém, o hábito curto, usado até ao primeiro quartel do século XX por membros das igrejas romana e anglicana, tinha origem civil fini-seiscentista e não foi nunca um traje de cerimónia. Quando muito terá sido de pequena gala, que não de grande gala.
Posto isto, dir-se-á que o único elemento textil de raiz clerical remanescente no hábito talar conimbricense civil é a capa, esta sim oriunda do século XVI e do chamado mantéu espanhol ou capa da Societas Iesu. Muita ampla, com colarinho raso e acentuadamente alto (4,5 a 5cm), os jesuitas dela fizeram uso continuado desde 1534. Será que já existiria anteriormente em Espanha, tendo sido apropriada pelos jesuítas? A ser assim, alguma pertinência assistirá ao popular designativo "mantéu espanhol". No caso concreto de Coimbra não é inteiramente pertinente chamar mantéu à capa talar herdada da Companhia de Jesus, pois que o mantéu à portuguesa era dotado de bandas dianteiras (que podiam ser bordadas) e cabeção, confundindo-se assim com o feitio do ferraiolo romano.

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