domingo, 1 de maio de 2011

Écolier, schoolboy, Augusto Renoir, 1879
Na segunda metade do século XIX a maior parte dos colégios, internatos e reformatórios consagra nos regulamentos internos uniformes de inspiração militar. No caso vertente, trata-se de um uniforme masculino preto (calções, casaquinho, boina, sapatos e meias altas) típico da época vitoriana, muito próximo do chamado fato burguês de primeira comunhão.

Os conceitos de instrução implicavam, à luz da época, concomitante crença na regeneração moral, o que requeria um sólido programa de normalização dos instruendos. O domínio do corpo e dos impulsos biológicos requeria a integral cobertura do corpo com vestes limpas, geometricamente costuradas e impecavelmente conservadas. Era obrigatório cobrir a cabeça e os pés e trazer no bolso um lenço de assoar. Todos estes preceitos eram reforçados em aulas de moral e pela leitura dos famosos manuais de civilidade e boas maneiras que entroncavam no De Civilitate Morum Puerilium de Erasmo de Roterdão, publicado em Paris em 1537 [Cf. Erasmo de Roterdam - De la urbanidade en las maneras de los niños. 2.ª edición. Madrid: Centro de Investigación y Documentación Educativa CIDE, 2006. Disponível em http://www.elseminario.com.ar/comprimidos/erasmo_Urbanidad_maneras_ninos.pdf].
Mais desenvolvimentos sobre esta temática:

ALBUQUERQUE, Leila Marrach Basto de - As invenções do corpo. Modernidade e contramodernidade. In: Motriz, Volume 7, n.º 1, Jan-Jun 2001, pp. 33-39. Universidade Estadual Paulista. Disponível em http://www.rec.unesp.ler/efisica/motriz/07n1/Albuquerque,pdf;
CUNHA, Maria Teresa Santos - Tenha modos. Manuais de civilidade e etiqueta na Escola Normal (anos 1920-1960). Disponível em http://www.faced.ufu.br/coluhe06/anais/arquivos/29MariaTeresaSantosCunha.pdf;
FERREIRA, António Gomes - Educação e regras de convivência e de bom comportamento nos séculos XVIII e XIX. In: História da Educação, n.º 29, Volume 13, Set/Dez 2009, pp. 9-27. Universidade de Coimbra. Disponível em http://www.fae.ufpel.edu.br/asphe/revista/rhe29.pdf;
GRANDMONTAGE, Alfredo Goñi; ARNÁIZ, José Luís de Miguel - Sociabilidad y buenos modales. In: Revista Electrónica Interuniversitaria de Formación del Profesorado, 1 (0), 1997. Disponível em http://www.uva.es/aufop/publica/actas/viiiep08goni.pdf;
Les Règles de la bienséance et de la civilité chrétienne à l'usage des écoles chrétiennes. Paris, 1703. Disponível em http://www.delasalle.qc.ca/documents/107/Regles_de_la_bienseance.pdf;
MATOS, Olgária Chain Féres - Cultura capitalista e humanismo. Educação, antipolis e incivilidade. In: Intermeio. São Paulo: Campo Grande, Volume 14, n.º 28, Jul/Dez 2008, pp. 13-40. Disponível em http://www.intermeio.ufm.br/revistas/28/InterMeio_v14_n28%20Olgaria.pdf;
OJEDA, Pedro Miranda - Los manuales de buenas costumbres. Los principios de la urbanidad en la Ciudade de Mérida durante el siglo XIX. Universidade Autónoma de Yucatán. In: TAKWÁ/Num.11-12/Primavera-Outoño 2007, pp. 131-155. Disponível em http://148.202.18.157/sitios/publicacionesite/pperio/takwa/Takwa112/pedro_miranda.pdf;
PILLA, Maria Cecília Barreto Amorim - A arte de receber. Distinção e poder à boa mesa (1900-1970). Curitiba: Universidade Federal do Paraná/Departamento de História, 2004 (tese de doutoramento). Disponível em http://www.poshistoria.ufpr.br/documentos/2004/Mariaceciliabamorimpilla.pdf;
PINTASSILGO, Joaquim - Educação liberal e conformação social. Dos catecismos constitucionais aos manuais de civilidade. Universidade de Lisboa. Disponível em http://cie.fc.ul.pt/membrosCIE/jpintassilgo/Educacao%20Liberal.pdf.
SANTOS, Maria José Moutinho - Os serões das senhoras. Um suplemento de moda, bordados e saberes domésticos. 1905-1908. Porto: Universidade do Porto, 2009. Disponível em http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/5787.pdf;
SENA, Fabiana - A conversação como modo de distinção no Império. Tesouro de meninos e Código de Bom Tom nas escolas brasileiras. In: Revista Histedbr on-line. Campinas, n.º 37, pp. 253-265. Universidade Federal de Paraíba. Disponível em http://www.histedbr.fae.unicamp.br/revista/edicoes/37/art17_37.pdf.

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