domingo, 11 de setembro de 2011




Alunos da Pai Chai High School em formatura, instituição estabelecida em Seoul, Coreia, em 1866. Fotografia da colecção do Rev. Corwin Taylor, missionário metodista na Coreia entre 1908 e 1922. Uniforme masculino de tipo militar constituído por calções, dolman e boné, de tecido ordinário. Calções simples, talhados por baixo da linha do joelho. Dólman geométrico, com frente e costas lisas, munido de mangas compridas tubulares, carcela frontal fixada por cinco botões de massa, colarinho degolado e três bolsos metidos, dois no baixo ventre e um terceiro, de menor dimensão, sobre o peito esquerdo. Boné de tecido branco assente em aro e pala de couro preto. Peças secundárias constituídas por sapatos pretos de couro e meias altas de cor branca.


A opção pelos uniformes de inspiração militar nos colégios religiosos, casas de correcção e escolas privadas ocorreu um pouco por todo o ocidente e nos países orientais (Japão, Coreia) entre finais do século XIX e a Segunda Guerra Mundial. Havia um consenso generalizado entre as elites e as famílias quanto às vantagens do paradigma uniformológico militar. Com efeito, considerava-se que o uniforme à militar era o melhor posicionado para incutir nos estudantes e menores internados valores como aprumo, higiene, sentido do dever, disciplina e autocontrolo. A escola passa a ser vista como uma antevisão do quartel. Nos exércitos e na disciplina militar repousariam os valores perenes das nações, dizia-se. O corte fortemente geometrizado raramente respeitava a morfologia corporal, procurando antes disfarçá-la, não raro adoptando modelos de confecção grosseira ( daí que, no período após ditaduras de entre guerras tenha sido necessário estampar na legislação que os uniformes das instituições públicas de internamento de menores e adultos não poderiam revestir carácter degradante). Os tecidos mais utilizados oscilavam entre as gangas vulgares, a sarja e a lã, texteis baratos destinados a porte diário e lavagem frequente, sinais que apontam para os chamados pequenos uniformes ou fardas de trabalho. O dimorfismo de género é outra nota dominante neste tipo de uniformes da época vitoriana. Ao contrário dos hábitos talares judiciários e académicos, rapidamente convertidos em trajes unissexo, os uniformes victorianos de inspiração militar assentavam em princípios de rígida segregação de sexos. No caso das universidades escandinavas, as mulheres docentes usaram cartola e espadim mas não a grande casaca preta. Quanto ao Instituto de França será necessário vencer o século XX para que as mulheres proclamadas académicas possam envergar uma versão modificada do grande uniforme. No caso da Universidade de Coimbra, o traje estudantil ensaia uma tentativa unixesso por mão de duas alunas da Faculdade de Direito em 1949 (frock coat, saia, capa e gorro), mas breve o Conselho de Veteranos impõe o tailleur preto civil (1954), decisão que exemplifica a cedência da cultura académica aos valores morais e estéticos do Estado Novo.


Tudo isto para dizer que nos últimos vinte anos foram adoptados em estabelecimentos de ensino superior portugueses uniformes escolares facultativos que nalgumas situações parecem fazer eco dos uniformes high school ou school boy uniforms. Por exemplo, o modelo de uniforme registado nesta fotografia de uma escola coreana coincide em traços gerais com a versão masculina do traje aprovado pelos estudantes do Instituto Superior Politécnico de Bragança. A peça principal de envolvimento do tronco é um dolman militar curto semelhante ao usado pelos estudantes do ensino básico e secundário do Japão (gakuran) e da Coreia.


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