quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Urânia e Calíope
Quadro de Simon Vouet, ca. 1634. Urânia, de veste azul celeste, diadema estrelado e globo terrestre (o compasso não é propriamente visível), é para todos os efeitos o paradigma mais remoto e correcto da Astromonia, disciplina do Trivium, incorporada nas Faculdades de Artes Liberais das universidades medievais.
Nalgumas situações observadas, os artistas da Idade Média e do Renascimento limitaram-se a rebaptizar Urânia com o nome de Astromonia. Noutros casos, como pórticos de catedrais góticas francesas, Cláudio Ptolomeu substitui Urânia.
Ao longo dos séculos XVII e XVIII, os símbolos de Urânia (=Astronomia) transitam para a alegoria da Matemática, uma vez que a deusa também representava atributos comuns à Geometria. Por exemplo, na gravura da portada dos "Estatutos da Universidade de Coimbra" de 1654, a Faculdade de Artes Liberais (=Real Colégio das Artes) é simbolizada por quatro figurinha femininas de talhe tosco mas elucidativo: Matemática (globo+compasso), Filosofia (livro aberto+globo), Retórica (livro+caduceu de Mercúrio) e Música (livro de partituras+órgão portátil).
Recuando no tempo, facilmente se reconhece na Matemática o código genético de Urânia e na Música o rasto de Euterpe. Será também nos padrões cromáticos das vestes de Urânia que devemos procurar a chave para o azul celeste e branco que o Marquês de Pombal determinou em 1772 como core(s) da nóvel Faculdade de Matemática da Universidade de Coimbra

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