quinta-feira, 3 de setembro de 2009


Volta branca. Desde o século XVI que os estudantes e docentes da UC estavam rigorosamente proibidos de usar camisas com golas altas, rendas ou folhos saídos para fora do colarinho das vestes talares. Apenas os funcionários podiam envergar tais adornos, tendo exibido o colar de canudos e os plastrons de vários feitios conforme as modas. A partir da segunda metade do século XVII o espírito austero da contra-reforma conseguiu generalizar entre os alunos e docentes da UC o colarinho romano ou volta branca, uma tira rectangular branca, de estrutura rígida, que se aplicava em torno do pescoço. Atavio pouco confortável, era necessário possuir várias para ir mudando ao longo da semana. Após a Revolução de 1820 e a guerra civil, os estudantes passam a considerar a volta branca o acessório mais odioso do hábito talar, vendo nele um sinal de submisssão da universidade e do ensino à Igreja Católica. Nas décadas de 1840-1850 a volta branco foi alvo de continuados ataques. Os provocadores mais afoitos arriscavam sair de casa com plastrons coloridos, alimentando rumores e convocando as atenções dos agentes da polícia académica.
Em 1863 a Reitoria torna o colarinho romano facultativo, exigindo o seu uso apenas em contextos cerimoniais. Os alunos e docentes religiosos continuariam a usá-lo.
Contrariamente aos que os líderes estudantis quiseram fazer crer, a volta branca não era usada só na UC. Também o era pelos magistrados e funcionários judiciais e com o uniforme militar de gala.
No tempo em que Bernardino Machado fez os actos de colação dos graus resolvia-se o problema dos colarinhos brancos com tiras de cartão cortadas à tesoura e pedidos de empréstimo aos seminaristas. Alguns "empréstimos" eram forçados. Os memorialistas académicos relatam que nos dias que antecediam os actos de formatura os alunos organizavam trupes nocturnas para esbulhar os seminaristas da respectiva volta.

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