quinta-feira, 3 de setembro de 2009


Exemplificação de uns calções conforme o modelo que os estudantes da UC estavam obrigados a usar diariamente até Outubro de 1863. Como características dominantes impunham-se o remate abaixo da linha do joelho com cós e carcela lateral externa, a abertura no baixo ventre com uma aba ou alçapão e o cós alto que se ajustava no fundo das costas com atilho ou presilha. Nos modelos mais completos era habitual o cós trazer cosidos os botões necessários à fixação de suspensórios.
Conjuntamente com a volta branca, os calções eram a peça de indumentária que mais enfurecia os estudantes, a tal ponto que os anos que antecederam a abolição do porte diário foram marcados por escandalosos protestos. Os inconformistas consideravam os calções símbolo de atraso cultural e de falta de virilidade, numa época em que esta peça de vestuário fazia obrigatoriamente parte dos trajes de gala da Igreja Católica e das casas reais europeias. Algumas das acusações formuladas não chegavam a ser fundamentadas, nem se esperava que o fossem. Eram palavras de ordem atiradas para o ar em tom mais ou menos pomposo e panfletarista. Noutras paisagens culturais portuguesas os calções e meias altas dos bandarilheiros, moços de forcados e campinos eram vistas como símbolos máximos da masculinidade.
Entre 1863 e 1910 os calções permaneceriam em uso nos actos solenes. Depois de 1910 ficariam cingindos às librés dos funcionários, ocorrendo esporadicamente em docentes eclesiásticos como o cónego António de Vasconcelos, o cardeal Cerejeira e o bispo Manuel Trindade Salgueiro. Em 1956 o cardeal Tissérant usou batina e calções no doutoramento honoris causa que lhe foi conferido e em 1958 o cardeal Cerejeira proferiu a última lição na cátedra da sala dos capelos com batina cardinalícia, ferraiolo moiré, solideo, calções e borla doutoral.

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