quarta-feira, 13 de abril de 2022

Raizes

 

Por onde começou um percurso pouco conhecido e pouco documentado: o hábito de cidade / hábito de corte que teve grande voga entre o reinado de Luís XIV e a década de 1850, com sinalizações na Grã-Bretanha e domínios, França, Suécia (Faculdade de Teologia, Universidade de Upssala), corte pontifícia romana, Portugal (traje de redingote) e Universidade de Coimbra. 

Hoje em dia ainda substistem resíduos em alguns estabelecimentos de ensino superior (Univ. de Coimbra, Univ do Porto, Univ. Católica Portuguesa, Instituto Superior Politécnico de Tomar) e na Univer. de Upssala.

O modelo mais recuado conhecido foi sinalizado em estampas do reinado de Luís XIV, fixando um hábito civil preto em tecido de seda, composto por calções de balão, meias altas, colete e casaca de tipo túnica persa (justaucorps), com capa de seda curta. Como acessórios, sapatos pretos de pele, chapéu redondo ou tricórnio, solidéu, bengala de castão e colarinho em forma de bacalhau. Este hábito foi mantido em seda preta integral, com e sem lavores (França, Portugal, Grã-Bretanha, Suécia, USA) ou enriquecido com vivos nas cores das dignidades eclesiásticas (Corte pontifícia romana).


Hábito de abade / hábito curto / hábito de cidade, versão francesa primitiva, ca. 1670-1680, ainda com o sombreiro de abas redondas e a capa de tipo mantéu embainhada sensivelmente pela altura dos joelhos. Gravura da coleção do Britsh Museum.





Versão francesa generalizada na Europa, finais do século XVII, com os sapatos pretos de pele avivados de vermelho, moda lançada pela corte de Luís XIV. Alguma deriva entre os termos justaucorps e sotanelle (à italiana).


Nesta gravaura da coleção da Bibliothèque Nationale de France, o mesmo traje, acrescido de um regalo de felpudo que se usava no inverno. Chapéu ao colo.

Reconstituição do hábito curto pela Compagnie du Costume. Trabalho bem feito, rigoroso e minucioso, com falhas na confeção da capa, https://www.compagnie-du-costume.com/costumes/tenues-religieuses/xviie-abbe_light2/. Na versão portuguesa os botões eram sempre bordados a fio de seda ou revestidos de tecido, com formato plano (tipo moeda), e uma grande carcela fingida. Na UC este traje deixou de ser de uso obrigatório em 1910 (o que se usava diariamente desde 1863 era uma versão ordinária, com calças compridas, tipo pequeno uniforme ou farda de trabalho). Seria retomado em 1915-1916 numa versão simplificada ao nível dos tecidos e da confeção, já com botões pretos de massa à vista. A versão docente feminina resulta de uma adaptação feita em maio-junho de 1945 na UPorto por duas professoras da FC / UP.

Colarinho à italiana, constituído por cabeção de seda preta e volta branca. Foi usado pelos membros dos corpos docente e discente da UC entre o século XVIII e 1863, ficando reservado para as cerimónias entre 1863-1910.

Colarinho à francesa, seda e lã, com vivos, cerca do ano de 1800. Composto por plastron e cabeção.


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