quinta-feira, 3 de setembro de 2009


Cabeção e volta. Por vezes pensa-se que o cabeção usado pelos estudantes e lentes da UC era um colete. Mas não era. Na gíria académica cabeção significava dois elementos vestimentários distintos. Um era a gola da capa, sendo esta de tamanho exagerado, a tal ponto que descaía sobre os ombros e omoplatas e formava uma aba de tecido forrado, como acontece nos mantéus, nas togas de advogado e nas becas de magistrado. Há quem chame a este atavio escapulário, mas o termo mais correcto é cabeção. Outro era uma espécie de avental em tecido preto forrado, costurado como se fosse em larga tira de pano que se enfiava pela cabeça, caindo uma aba sobre o peito e ventre e a outra sobre as costas e rins. Comportava uma fenda na base do cachaço, que se ajustava ou alargava com dois fitilhos lançados sobre o peito. Diferentemente dos coletes, o cabeção não tinha orifícios para a entrada e saída dos braços, sendo aberto dos ombros à cintura nos flancos e ajustando com dois fitilhos de cada lado. Na parte superior fixava-se o colarinho romano ou volta branca.
Esta foi uma das peças mais detestadas pelos estudantes que o Reitor Vicente Ferrer declarou facultativa em 1863, subsistindo doravante nos alunos e docentes eclesiásticos. Hoje em dia é muito difícil encontrar algum exemplar do antigo cabeção (talvez ainda existam em Braga casas de paramentaria que o saibam confeccionar) peça de indumentária que se encontra substituída por coletes e camisas pretas no mundo romano e anglicano.

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