domingo, 6 de novembro de 2011

Estudantes do 5.º ano jurídico da Universidade de Coimbra que apresentaram a récita de despedida "Do sonho à realidade", da autoria de Gustavo Martins de Carvalho. A fórmula comédia de costumes+balada de despedida de curso+álbum fotográfico/ou de caricaturas do curso ganhou tal popularidade que rapidamente começou a ser reproduzida nos liceus e noutros estabelecimentos portugueses de ensino. A partir da década de 1930, progressivamente, a antiga e espaventosa festa de despedida de quintanistas diluiu-se na estrutura da festa dos estudantes do 4.º ano, vulgo Queima das Fitas, de tal arte que hoje em dia é praticamente impossível deslaçá-las e quem não saiba da poda cuidará que sempre andaram juntas. Na década de 1930 foi acrescida de cartolas e bengalas de fantasia e na década de 1950 com os chamados anéis de curso.
A festa de despedida dos cursos constitui o exemplo máximo de uma incapacidade institucional. É perante uma reitoria da Universidade de Coimbra duradouramente incapaz de revitalizar a festa de formatura prevista nos estatutos que os cursos se organizam anualmente e produzem uma "formatura" substitutiva. O processo de perda de importância e desacreditação da formatura terminaria com a sua abolição pouco antes do fim da monarquia, não mais tendo a Universidade de Coimbra procedido à respectiva realização. O que é incrível é que nas universidades brasileiras, onde a formatura goza de elevado prestígio e é obrigatória para se conceder o diploma, se acredita que a cerimónia ainda persite em Coimbra.
Na Universidade de Lisboa também não se chegaria a implementar cerimónia de formatura. Na Universidade do Porto, os alunos colmatariam a  não realização da formatura com uma festa original conhecida por "imposição de insígnias" que modernamente está muito generalizada nos estabelecimentos de ensino superior do norte de Portugal.
Fonte: Ilustração Portuguesa n.º 19, de 14.3.1904

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