sábado, 7 de janeiro de 2012

Uniforme(s) da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa (1856-1911)

Atendendo ao que me foi representado por parte da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, acerca da autorização que pretende para os membros da corporação poderem usar dos uniformes por ela propostos. Hei por bem decretar o seguinte:
Artigo 1.º: São estabelecidos os uniformes de que os lentes proprietários, substitutos e demonstradores da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa hão-de usar no exercício de suas funções académicas, e quando tenham de apresentar-se individual ou coletivamente em quaisquer atos públicos e solenes.
Artigo 2.º: O uniforme para o serviço escolar constará de toga de lã preta com alamares na parte anterior, gorro do mesmo estofo, gravata branca, cinto de cetim preto com borlas de seda da mesma cor, meia de seda preta e sapato com fivela dourada.
Artigo 3.º: A composição do fardamento para as solenidades públicas será o seguinte:
Farda direita de pano azul com silvado de folhas e landes de carvalho bordados a oiro na gola e nos canhões, gravata e colete branco, calça azul com uma lista de galão de oiro de largura ordinária nas costuras laterais, chapéu armado guarnecido de plumas brancas e espadim.
Arqtigo 4.º: Os padrões de das bordaduras de que trata o presente decreto serão pela Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa submetidos à aprovação do Governo.
O ministro e secretário de Estado dos Negócios do Reino assim o tenha entendido e faça executar. Paço das Necessidades, em 1 de outubro de 1856. Rei [D. Pedro V]. Júlio da Silva Sanches.
Decreto de 1 de outubro de 1856, publicado no Diário do Governo n.º 244, de 15.10.1856.
ANOTAÇÕES
1-Trajes alargados à Escola Médico-Cirúrgica do Porto pelo Decreto de 15.9.1857 e usados pela primeira vez na sessão solene de abertura dos aulas em Outubro de 1858. No Porto, o barrete era octavado, com borla e sem cristas (sendo o de Lisboa redondo e com cristas). Diferenças acentuadas nas rosetas peitorais, sendo as de Lisboa de tipo militar.
2-Toga alargada à Academia Politécnica do Porto por Decreto de 6.2.1902, com as rosetas peitorais nas cores das secções científicas: azul claro e branco (Matemática); azul escuro (Ciências Naturais ou "Filosofia Natural"), carmezim  (Ciências Económico-Sociais).
3-A farda direita com espadim seria abandonada definitivamente em 1911, com a integração destas escolas nas novas universidades de Lisboa e do Porto.
4-Na Universidade de Lisboa, a toga oitocentista continuou a ser usada pelos professores de Medicina e de Ciências até 1960. Os de Direito e de Letras optavam maioritariamente pelo hábito talar tradicionalizado na Universidade de Coimbra. No ano lectivo de 1959-1960 o reitor Mercello Caetano procedeu à reforma da antiga toga.
5-Na Universidade do Porto a toga foi maioritariamente usada durante o século XX pelos professores de Medicina e de Ciências. Em 2003 o Senado aprovou a reforma da antiga toga oitocentista, que resultou num modelo mais simplificado face à herança de oitocentos.

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