quarta-feira, 27 de março de 2013

O estudante quintanista da Universidade de Coimbra Diogo Bettencourt, oriundo da ilha Terceira (?), Açores com traje de abatina, capa e gorro. Foto do álbum de curso, ano letivo de 1868-1869.
Ampla capa talar de lãzinha, de tipo mantéu ibérico quinhentista, com os panos fixados a colarinho raso entretelado e pespontado, exibindo pequeno alamar (in meo tempore ainda havia quem usasse em capas de alfaitaria, nas do pronto a vestir népia). Abatina de um corpo, mangas lisas, embainhada pela meia perna, com carcela dupla de botõezinhos planos, ficando a dúvida quanto ao feitio das costas (o da sobrecasaca seria o mais generalizado, mas alguns alfaiates continuariam a confecionar as costas de túnica), e colarinho raso muito baixo (ca. 1,5cm) para dar a ver o colarinho e quem sabe farfalhudo e garrido laçarote. O forro da abatina é de axadrezado e não preto, exatamente como já demonstramos na análise da veste do Doutor Bernardino Machado "milagrosamente" preservada no Museu Bernardino Machado de VNF. Gorro de pano muito singelo, comportando ainda a clássica virola que Deus tenha, e fundo arredondado, mas sempre sem borla. A ponta do gorro está deitada para a frente, tal como a usavam os camponeses espanhóis. Calças compridas invisíveis. O Dr. António José Soares achava que os estudantes desta época se faziam fotografar sentados para não mostrar as calças compridas pois a foto de fim de curso era uma foto de grande gala e as calças compridas eram um acessório vulgar que não gozava do estatuto de rigor atribuído aos calções. E eu estou com ele nesta interpretação. Dizer ainda que tudo isto é trabalho de alfaiate, mas apoiado pela máquina de costura.
Fonte: álbum com 39 fotografias existente na coleção da Biblioteca e Arquivo Regional de Angra do Heroísmo, ilha Terceira, Açores, comunicado em http://www.bprah.azores.gov.pt/.

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