quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Colete de fantasia em brocado branco, bolsos inferiores metidos, dupla abotoadura de botões forrados, bandas e decote em V. Entre os anos de 1850-1910 raros foram os momentos em que os estudantes que discordavam da obrigatoriedade do porte do traje deram descanso à Reitoria da UC e aos agentes da polícia académica. A imagem do progressismo construia-se com o colete civil, era a palavra de ordem. Andar com a batina desabotoada e o garrido colete de seda à mostra era um divertimento provocatório e um acto de heroísmo.
Porque motivo quiseram os estudantes usar colete, quando este nunca foi consagrado como peça obrigatória da sua indumentária antes de 1910? A resposta é simples. Num tempo em que a camisa era considerada uma peça de roupa interior, sendo indecoroso mostrá-la, havia que ocultar o ventre e o peito. Repare-se que antes das décadas de 1960-1970 os funcionários públicos europeus trabalhavam nas repartições com o casaco e o colete vestidos (fizesse sol ou chuva e sem ar condicionado) desdenhando dos "bárbaros" norte-americanos que desde as décadas de 1920-1930 trabalhavam em mangas de camisa.
Na Academia de Coimbra havia coletes de trespasse e de carcela simples, de seda, sarja e casimira, pretos e polícromos. Excluindo o Orfeon e a TAUC que logo em 1911 exigiram aos seus associados o porte de indumentária integralmente preta (apenas a camisa podia ser branca), só nos alvores da década de 1920 é que o traje académico masculino conseguiu fazer vingar a uniformização monocromática nas gravatas, coletes, meias e sapatos.

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