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sexta-feira, 25 de janeiro de 2008


Imposição
Roma, Basílica de S. Pedro, ca. 1953: o Papa Pio XII impõe um galero revestido de tecido a um novo cardeal. Este, ajoelhado, traz capa magna de seda escarlate e o capuz da murça está deitado pela cabeça, conforme o ritual medieval. Auxilia o pontífice o Mestre de Cerimónias Monsenhor Enrico Dante (famoso pela sua elevada estatura), com batina talar vermelha e mantelette curto. De costas, logo atrás do novo cardeal, posiciona-se Monsenhor Cocchetti, com batina talar e mantellone (espécie de sobretudo talar com mangas, mas distinto do "viatório"). O Papa Pio XII, sentado no trono, lê a fórmula ritual latina da "creatio".
(imagem extraída do endereço http://dapledphotos.com/2005/09/Cappa-magna.html)

Imposição do galero
Investidura de um cardeal na Basílica de São Pedro, segundo o ritual romano anterior às reformas vestimentárias e protocolares de 1969. O pontífice (João XXIII?), auxiliado pelo mestre de cerimónias, adorna o novo cardeal com as insígnias da sua dignidade: galero e anel. Este, ajoelhado, envergando capa magna e murça de arminhos, recebe as insígnias e o abraço da paz.
Na actualidade, este tipo de cerimónias tem ocorrido na Praça de S. Pedro. Em vez do antigo galero de cordões e glandes, os pontífices laureiam os cardeais com o barrete quadrangular, que sendo ornado com três cristas superiores, não comporta borla alguma. Se até à década de 1960 se podiam assinalar convergências entre o ritual da colação dos graus doutorais e a investidura dos cardeais, nos pontificados de João Paulo II e Bento XVI, o protocolo proposto pelo Vaticano parece ir ao encontro do figurino mediático da "graduation ceremony" das universidades norte-americanas (em franca expansão no Brasil, Alemanha, Suiça...).


Criação do Cardeal Chigi
O Papa Inocêncio X cria o Cardeal Fabio Chigi e investe-o com o galero escarlate (pintura de 1724). Nas universidades históricas europeias e no Vaticano, os cancelários, reitores e papas, "criavam" os doutores e procediam às respectivas investiduras, estando os laureandos ajoelhados. Este acto, de profundo significado hierogâmico, estava muito longe do entendimento laico trazido às universidades pela Revolução Francesa, cuja proposta e visão se fundamentam num procedimento administrativo. Coimbra e Salamanca procuraram concilar os dois entendimentos ao longo do século do século XX, realizando primeiro a "disputatio" requerida por determinação estadual e, posteriomente, a ancestral "inceptio", cuja fala ritual continua a solicitar aos reitores a "creatio".



Juramento

Pelo antigo cerimonial romano, após a eleição de um novo papa, seguia-se o ritual do juramento de obediência e fidelidade dos cardeais ao pontífice eleito. A fotografia regista um apontamento da Capela Sistina, com o trono papal em espaço destacado e central, e nas paredes laterais as cadeiras dos cardeais com os baldaquinos rebatidos (eram rebatidos após a eleição papal). No meio do recinto posicionam-se em fila alguns dos cardeais que se ajoelharão ante o novo papa.

A organização do espaço denota semelhanças com as salas de actos de algumas universidades históricas.