Virtual Memories

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009


Chapéus imperiais
Exemplares de Verão e de Inverno usados pelos imperadores da China até aos alvores do século XX.

Chapéu de Verão dos antigos imperadores da China
O trabalho de ornamentação da copa, baseado na aplicação de ampla borla de fios de seda, a copa circular falsa e o florão de aparato levam-nos a questionar até que ponto o barrete doutoral da Universidade de Coimbra não foi influenciado pelo conhecimento da chapelaria oriental dos aristocratas e altos dignitários de estado.



Barrete de mandarim

A estrutura preta do chapéu nada tem de extraordinário, com a sua copa calótica e a aba revirada, a lembrar os barretes dos bispos da Etiópia e Roménia, e até os chapelinhos oitocentistas de feltro que as mulheres portuguesas da faixa atlântica usavam enfeitados com pompons e plumas. Porém, o florão e a ampla borla de seda carmesim permitem estabelecer comparações com o trabalho artesanal desenvolvido pelas bordadeiras de Coimbra na confecção das insígnias doutorais.

Grupo de judeus numa xilogravura de 1483 com chapéus cónicos rematados por florões ou pegas, costume que em Portugal prevaleceria nos barretes da Universidade de Coimbra.


Imperador chinês
Imperador da China em 1667, com traje de cerimónia, murça e chapéu cónico rematado em florão.


Diplomata do Sião
Traje de gala documentado em 1749.


Diplomata chinês
Embaixador da China em 1749 com traje de gala, arco, adaga e chapéu ornado de borla e franja.

Lama
Lama da Mongólia com chapéu cónico rematado por borla de seda. Este tipo de cobertura de cabeça ocorre em gravuras europeias alusivas a judeus do século XV. Dele se conhecem derivados na China, Coreia e Filipinas (Manila).


Mandarim
Traje de gala de Inverno usado por um mandarim em 1700. O adorno de ombros e o chapéu com florão e borla de seda a toda a volta da copa remetem inevitavelmente para uma situação de semelhança no mundo ocidental: o conjunto artesanal surgido espontaneamente nas oficinas de passamanaria de Coimbra pela segunda metade do século XVIII, conhecido por borla e capelo.


Principe da Moldávia
Hábito talar de cerimónia e chapéu de aparato usado pelo Princípe da Moldávia numa deslocação à corte otomana (Biblioteca de Nova Iorque, gravura de ca. 1808-1826). Comparados com a bizarraria e aparato exibitório das coberturas de cabeça do Império Otomano, as borlas dos doutores conimbricenses e os galeros dos cardeais romanos parecem algo humildes.


Embaixadores
Comitiva diplomática do Burma/Tibete em Calcutá no ano de 1896 (Biblioteca de Nova Iorque). Os seis dignitários exibem coberturas de cabeça e de ombros marcadas pela linguagem do ostentatório, cujas parecenças com as insígnias rocaille da Universidade de Coimbra são indesmentíveis.


Dignitários afegãos
A gravura de 1843, do acervo da Biblioteca de Nova York, regista um grupo de quatro oficiais do governo do Afeganistão. Além do hábito talar duplo, são dignos de reparo os chapéus de aparato, exibidos por diversas civilizações asiáticas.


Retrato de Abaroska
Representação de vulto de Kristof Abaroska, realizado em 1622. Nesta imagem, obtida a partir de uma recolha alusiva a trajes militares da Polónia e Lituânia para os anos de 1633-1683, salientam-se dois traços curiosos: vestes talares masculinas de corpos duplos, confeccionadas em tecidos de luxo, que no essencial reproduzem o estilo cortesão praticado no Império Otomano; vestes talares de corpos duplos ou sobrepostos que apresentam profundas semelhanças com vestes usadas em Itália, Portugal, Espanha e Grã-Bretanha por dignitários religiosos, judiciais e académicos.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009


João Meira
Retrato a óleo do médico João de Monteiro Meira, da autoria de Abel Cardoso. Meira formou-se na Escola Médico-Cirúrgica do Porto em 1907, ostentando a toga preta talar com os alamares de estilo portuense e o barrete oitavado. Este chapéu, distinto da solução adoptada pelas Médico-Cirúrgicas de Lisboa e de São Salvador da Bahia (modelos troncónicos próximos da chapelaria ortodoxa russa), segue a tipologia consagrada pelos juristas e professores espanhóis e advogados portugueses.
Fonte: Sociedade Martins Sarmento/Guimarães, http://sarmento.weblog.com/pt/arquivo/2006/01/index.html

São Cosme e São Damião
Fresco da autoria de Juan Ibánez no santuário de Santa Eulália de Mérida, datado da primeira metade do século XVII.
Desde a Idade Média era habitual os artistas europeus representarem estes dois santos orientais como doutores de Medicina. O presente exercício pictórico confirma a tradição, com Cosme e Damião figurados com lobas talares duplas, barretes quadrangulares e num dos casos uma murça.


Estudantes chineses de primeiras letras
Postal ilustrado francês de ca. 1903, colecção do Museo Internacional del Estudiante.


Escola chinesa


Letrados chineses
Fotografia da primeira metade do século XX.


Estudante da Pérsia com traje tradicional e mitra. Gravura oitocentista.
(acervo da Biblioteca de Nova York)