Virtual Memories

sábado, 17 de novembro de 2012

Um funeral em Orleães, tela de Gustave Courbet, 1849-1850
No plano central dois bedeis eclesiásticos acompanham o padre (com capa de asperges). Vestem toga vermelha avivada de preto e barretes redondos de gomos muito pronunciados.

Retrato de bedel francês de catedral, óleo sobre tela de autor anónimo, inícios do século XIX, acervo do Musée de Rennes
Veste grande hábito talar de cerimónia em seda vermelha, avivado a cetim/veludo (?) preto. Ostenta como insígnia do cargo uma vara alta preta, de ébano, com engastes de prata. Usa barrete preto piramidal, de seis faces, com remate em grande borla de tipo pompom, cuja morfologia corresponde à do barrete dos doutores da Universidade de Paris que na época napoleónica seria substituído pelo barrete (toque) redondo dos conselheiros e procuradores dos antigos parlamentos.

Abade francês, retrato a óleo, de autor anónimo, século XVIII, Musée de Rennes
Veste sotaina de tipo francês, sendo esta em tecido preto integral, justinha ao corpo e braços, alargando o saio da cintura para os pés. O colarinho é ornado com um discreto cabeção semicircular (ornato que precede e anuncia a romeira eclesiástica do século XIX?), acolchoado e pespontado. Em vez de volta branca, usa-se o plastron do século XVII, com duas línguas pretas avivadas a branco (em Portugal era conhecido por bacalhau). A manga é estreita e afunilada, rematando com canhão. A carcela é comum à da sotaina romana, rasgada na frente entre a base do colarinho e a bainha inferior, apertando com casas e botõezinhos planos. A parte posterior é invisível, admitindo-se feitio igual ao da sotaina romana, com três machos. Outra diferença está no modo de usar o cinto de pano ou faixa, cujas pontas são unidas com laçarote e lançadas para trás.

Retrato do músico Franz Liszt, Budapeste, década de 1860 (?)
O que veste?
- batina talar ordinária, dir-se-ia inspirada no modelo francês clássico, embainhada e pespontada ao talão, munida de carcela dianteira simples, com colarinho raso e mangas lisas, a afunilar na direção dos punhos;
-volta branca;
-sapatos pretos de fivela de prata;
-mantéu talar comum ou ferraiolo, com as típicas estolas dianteiras, cabeção rígido e fita.
Fonte: http://www.zeitzeichen.net/

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Lenço masculino

Um exemplo do uso generalizado do lenço masculino como cobertura de cabeça entre os camponeses de Portugal e de Espanha, com extensões às irmandades, confrarias e folias musicais (caso dos foliões do Divino Espírito Santo na maior parte das ilhas dos Açores).
O lenço era dobrado a meio, lançado pela cabeça, atando-se as pontas atrás da nuca. Trata-se de um lenço grande, igual ao das camponesas. Muitos camponeses colocavam sobre o lenço chapéus de palha, pano e feltro. A análise da iconografia campesina portuguesa demonstra que o lenço tinha praticamente desaparecido da indumentária masculina nas décadas de 1880-1890, desuso que talvez permita compreender porque é que os grupos folclóricos raramente apresentam este importante adereço. O desaparecimento do lenço masculino desaparece na segunda metade do século XIX num ciclo marcado pela crescente influência da moda urbana burguesa, quando ocorre um cisão radical entre indumentária masculina e indumentária feminina. Nas décadas anteriores, os enxovais masculino e feminino tinham em comum muitas peças e adereços, de tal arte que o enxoval infantil era exatamente igual para ambos os sexos.
Fonte: A Procissão, óleo sobre tela de Auguste Roquemont, acervo do Museu Nacional de Soares dos Reis (Porto), décadas de 1830-1840 (?)

Carapuça de rebuço (década de 1880)

Registo fotográfico da carapuça masculina de rebuço tradicionalizada na ilha de São Miguel, Açores (séculos XVIII-XIX).
Camponês descalço com varapau, veste fato masculino de três peças em baeta de tear (calças compridas, casaquinho, colete, camisa de linho da terra) e carapuça de rebuço. Modelo com copa em calota de pano (baeta azul marinho?), pala gigante em forma de raia e longo rebuço a cair pelas costas e ombros, descendo aos cotovelos. O rebuço era forrado de lã, sarja ou axadrezado, puxando-se as abas para a cara (embuçar ou embiocar) ou lançando-as sobre a copa. Sentado em cesto de vimes não descascados, artesanal, de tipo barreleiro, emborcado.
Fonte: coleção de fotografias do Harvard Art Museums [década de 1880, photo Raposo de Ponta Delgada?], http://www.harvard.artmuseums.org/art/283755