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sábado, 21 de março de 2015

School uniforme, high school uniforme, Grã-Bretanha, década de 1950

Existem marcantes semelhanças entre a maior parte dos trajes corporativos escolhidos pelos estudantes dos estabelecimentos de ensino superior português entre ca. 1990-2010, os uniformes dos colégios privados de ensino médio, como os acima documentados, e as librés usadas por funcionários de empresas de transportes, hotelaria e restauração.
Se colocarmos de parte elementos estruturantes como capas, capotes e gabões, alguns dos quais associados a emblemas regionais/etnográficos, constatamos:
1-tendência para a consagração de vestes que os manuais de protocolo/etiqueta classificam como traje de passeio, passível de uso em casamentos, baptizados, reuniões empresariais, sessões parlamentares, órgãos de gestão de universidades: o fato masculino casaco/terno com calças compridas, calçado escuro de pele; tailleur para as mulheres, nas situações em que substitui o vestido comprido ou o cocktail dress;
2-segregação muito marcada entre vestuário feminino e vestuário masculino, sem fundamentação credível no contexto sócio-cultural em que decorreu a escolha destes trajes;
3-prevalência da confecção de modelos com bainhas curtas (mini) e costuras estreitas (slim), como que a replicar a moda dos uniformes das funcionárias das companhias de aviação civil das décadas de 1960-1970;
4-recurso a tecidos pouco nobres, low cost, que não promovem a distinção clássica entre modelos de verão e inverno;
5-total confusão entre vestes de uso corrente e vestes próprias para contextos de gala/cerimónia;
6-enquadramento dos trajes criados com recurso a restrições muito puritanas, transpostas de estatutos de colégios privados e regulamentos de uniformologia militar.

Alguns dos trajes visualizados e analisados confirmam abordagens desastradas de estilistas que dominam o design, aprenderam a história da moda ocidental nas escolas de formação profissional, mas desconhecem a história e as especificidades das vestes académicas.