Virtual Memories

sábado, 5 de março de 2011

Antigas librés e hábitos da Casa Papal


Diversos uniformes das antigas forças militares pontificias, incluindo os suizzeri (guarda-suiça)


Libré de scopatore segreto deitada sobre batina, que em Portugal e no Brasil foi usada pelos charameleiros na casa real, Universidade de Coimbra e nas procissões do Corpus Christi


Senador e pagens caudatários, senatore e paggi


Conservatore nelle cappelle com loba aberta negra


Fedele del Campidoglio e Senato com bicórnio e capote


Cursore


Cruciferário pedestre, crocifero

Cruciferário a cavalo
Os cortejos equestres praticados pelas casas reais, casa papal e universidades até inícios do século XIX eram ingratos para a nobreza de toga e para dignitários portadores de hábitos talares. Para se ficar confortavelmente sentado sobre a sela era necessário que as vestes fossem largueironas, pois de contrário prenderiam as pernas e tolheriam os movimentos dos pés nos estribos. Em situações pontuais, o dignitário sentava-se de lado, melhor dizendo, com as duas pernas deitadas para o mesmo lado, posição bastante usual quando desfilavam mulheres. No desfile de lado era conveniente que a cavalgadura avançasse a passo lento ou que fosse conduzida por um escudeiro pelo arreio. Convinha que os cavaleiros sobessem montar pois as mais das vezes levavam nas mãos cruzes, varas, maças, coberturas de cabeça e estandartes.

Estribeiro-mor com traje de gala de tipo napoleónico


Condutor de cavalos, moço de cavalariça, cavalcante pontificio com a antiga libré do século XVII


Camarista porta-tiara, bussolante con triregno


Advogado consistorial, avocat du consistoire, avvocato consistoriale


Camareiro secreto (camarieri segreti participanti sagrita)

sexta-feira, 4 de março de 2011


Os sediari junto da sedia gestatoria, década de 1960


O Papa João XXIII transportado pelos sediari


Os sediarios transportando o Papa Paulo VI no interior da basílica de São Pedro


Libré de sediário, traje de sediari

Palafreneiro com libré e opa (in tempo delle capelle solemni)

Decano doméstico de cardeal

Decano dos palafreneiros


Palafreneiro, parafrenieri pontifici in sala
Libré de seda adamascada dos antigos palafreneiros que conduziam cavalos, mulas e carroças. Com o passar dos séculos passaram a assegurar tarefas palacianas. O chapéu representado na gravura é o bicórnio napoleónico. Traje muito semelhante foi usado pelos transportadores da sedia gestatoria.

Caudatário


Pagem caudatário com hábito de corpos duplos e crocia

Camarista secreto, camarieri secreto de Sua Santidade
O hábito talar representado na gravura foi replicado nas casas episcopais e patriarcais. Há fotografias relativas aos EUA e à patriarcal de Lisboa que o documentam na primeira metade do século XX

Monsenhor com hábito talar de dois corpos, crocia e mitra preciosa

Figuração da libré de maceiro sobre indumentária oitocentista


Traje de maceiro com o antigo pelote renascentista
Desenho de excelente pormenor, documenta a diferença entre o gibão e o pelote forrado e munido de mangas curtas.

Maceiro, mazzieri
De acordo com a informação prestada pela iconografia, as maças de prata da casa papal usadas nos séculos XIX e XX eram de cabo curto, tipo archote. O encurtamento do fuste faz lembrar as maças encomendadas na época de D. José I, na sequência do terramoto de 1755 e da perda das antigas que eram de charolão e grilhão duplo.


Maceiros, porta-maças, bedeis, mazzieri
Os maceiros tomavam parte nos préstitos, cavalgadas solenes, entradas, recepções, intra e extramuros.
Fotografia da primeira metade do século XX

quinta-feira, 3 de março de 2011


Gentiluomo di cardinale, traje de capa e espada idêntico ao usado pelos oficiais maiores da casa reitoral da Universidade de Coimbra e vereadores municipais portugueses


Officiale di virga rubra (oficial do bastão vermelho)


Prelado de mantellone
Hábito talar de dois corpos usado por membros da casa papal e pela maior parte dos estudantes dos colégios romanos. A peça exterior também foi usada na Universidade de Coimbra

Camerieri, grande uniforme: calça comprida com galão, espada, colete, casaca de abas de grilo, bicórnio


Camerieri com grande uniforme de tipo napoleónico
Uniforme adoptado no século XIX por diplomatas, ministros de estado, membros de academias literárias e científicas, escolas politécnicas, conselhos de estado, administradores municipais, governadores civis, prefeitos

Camareiro com libré renascentista: gibão da década de 1530, mantéu curto das décadas de 1570-1590, gola de canudos, gorra, espada, sendo os calções de modelo século XVIII, grande colar com insignia


Camareiro secreto com calções, gibão, gola de canudos, espada, gorra emplumada e pelote de mangas gomadas (camerieri segreti di capa i spada)


Ajudante de câmara com maça de prata (maceiro, porta maça, aiutante di camara)

Principe assistente do solio (assistente al soglio)
Traje renascentista masculino de capa e espada, com acrescentos posteriores: gravatão de dois bofes, do século XVII, bicórnio napoleónico e sapatos de fivela estilo império (segundo os peritos em cerimonial, embora os sapatos pretos de couro e fivela de prata sejam considerados de grande gala no Ocidente, de maior e genuina gala eram os sapatos da segunda metade do século XVI ornados de roseta de seda)

Cardeal romano com hábito privado (abito privato) avivado
Traje civil curto surgido na Europa na década de 1680, como alternativa doméstica ao hábito talar, viria a popularizar-se entre os membros da igreja católica romana e da igreja anglicana. Nessa qualidade, foi bastante usado até à 1.ª Grande Guerra, contexto em que aparece fotografado nos capelães militares.
Viria também a ser consagrado como hábito dos estudantes da Universidade de Coimbra pela reforma indumentária de 1863, e como hábito dos membros do corpo docente desta mesma instituição por decisão de 1915.
Nesta rubrica pretende-se deixar notícia de um importante conjunto de hábitos e uniformes que foram correntemente usados na casa papal e nas casas episcopais até às reformas levadas a cabo pelo Papa Paulo VI em 1969. Alguns são comuns às librés assinaladas nos espaços de governação europeus. De expressiva riqueza estética e simbólica, remontam na sua maior parte aos figurinos de corte do século XVI e documentam a herança europeia pré-napoleónica (cotas, tabardos, capas, talabartes, dalmáticas) e pós-napoleónicas (casacas, grandes uniformes de inspiração militar). A fonte de informação é uma obra oitocentista, "Miscellanea di Costumi della Corte Papale".

domingo, 27 de fevereiro de 2011


Universidade de Antuérpia, imposição do epitógio sobre o ombro esquerdo do laureado

Cerimónia de atribuição do grau de doutor honoris causa na Universidade de Antuérpia, em 29 de Abril de 2009, em que foram laureados Jean Fabre e Richard Dawkins.
Momento correspondente ao discurso do reitor.
Fundada em 2003, a Universiteit Antwerpen optou pela adopção de um hábito talar para os membros da equipa reitoral e docentes detentores do grau de doutor. Trata-se de um traje muito despojado e puritano, denunciando alguma influência de vestes talares masculinas do século XV, certamente encomendado a estilista local. Este tipo de soluções, que tem sido experimentadas em Portugal, na Grã-Bretanha (togas para juizes, que geraram incendiada polémica) e noutros países ocidentais, parece revelar algum desconforto estético resultante de não conseguida conciliação entre minimalismo depurado e anatomia. O resultado final é do tipo túnica que parece um "saco de batatas". O colarinho desta toga está próximo de arrastar-nos para um AVC, rivalizando com os sustos que nos pregam hoje em dia os barretes doutorais consagrados nos últimos 15 anos em universidades dos antigos Países de Leste.

Centenário da Universidad Pontificia de Comillas


Mesa de honra constituída no acto solene de abertura do curso de 2008-2009 em que foi comemorado e evocado do o primeiro centenário da fundação desta universidade (1908-2009).
A Universidad Pontificia de Comillas digitalizou e disponibilzou no seu sitio web um importante conjunto de fotografias que documento momentos revelantes da história dos primeiros 100 anos da instituição.
Os cervos fotográficos, iconográficos e museológicos dos estabelecimentos de ensino superior são cada vez mais encarados como instrumentos estratégicos de afirmação da identidade corporativa e de delimitação da oferta diferenciada de serviços num mundo globalizado. Esta nova visão da cultura e do património académico marca uma diferença abissal entre os desafios actuais e as práticas clássicas, à luz das quais os museus, bibliotecas, arquivos e laboratórios das universidades eram meros armazéns de objectos mortos que de vez em quando eram estudados por alguns investigadores.
Fonte: Universidade Pontificia de Comillas/Centenario ICAI/Actos y Celebraciones, WWW: http://www.upcomillas.es/centenario/galeria.aspx.

Influências da simbologia da Universidade de Coimbra na Universidade de São Paulo


Retrato do professor João Pereira Monteiro, que em 1903-1904 foi ditector da Faculdade de Direito de São Paulo, instituição ulteriormente integrada na Universidade de São Paulo, Brasil, remontante a 1827.
O capelo doutoral, de dupla murça, com alamares e rosáceas, tem a sua origem na Universidade de Coimbra. Um modelo próximo do conimbricense foi usado na Universidade de Sevilha, no século XVIII e na primeira metade do século XIX.
Fonte: Faculdade de Direito/Universidade de São Paulo/Galeria dos Diretores, WWW: http://www.direito.usp.br/faculdade/diretores/index_faculdade_diretor_11.php.