Virtual Memories

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Traje professoral da UTL (1945)

Portaria n.º 11.170, de 17.11.1945, publicada no DR, I Série, n.º 256, do Ministério da Educação Nacional, que institui o traje professoral da Universidade Técnica de Lisboa, a insígnia das escolas integradas e as respetivas cores.
Trata-se claramente de uma veste concebida para o reitor e membros do corpo docente que seguiam carreira professoral, pois a tradição generalizada nestas escolas de raiz politécnica oitocentista era que em contextos solenes os docentes vestiam casaca preta e cartola. Era aliás com casaca preta e cartola que eram arguidas as provas de doutoramento nas escolas integradas na UTL, tradição que se manteve até à Revolução de 1974 e que colhe inspiração em universidades escandinavas e nalgumas da Holanda.
Atenta a sua natureza eminentemente tecnológica, industrial e civil, não deixa de ser curioso revisitar esta opção pelas vestes talares, como se sabe conotadas com as universidades humanísticas [clássicas] e católicas. No caso dos politécnicos franceses, cuja identidade visual se reclamava da tradição napoleónica, as vestes eram de inspiração militar. No caso da UTL, embora sem provas, admitimos que os responsáveis pela proposta aprovada em 1945 tenham colhido inspiração nas prestigiadas universidades politécnicas da Áustria, caso da Universidade Politécnica de Viena.
Segundo pesquisa de Armando Luís de Carvalho Homem (O traje dos lentes, 2007, p. 46), o desenho do traje foi elaborado pelo Eng. Frederico Jorge.

Sabemos:
-a UTL é uma universidade pública criada pelo Decreto n.º 19.081, de 2.12.1930;
-a precedência entre as escolas foi estabelecida no diploma que manda criar a UTL: 1) Instituto Superior de Agronomia (ISA, remontante a 1852); 2) Instituto Superior Técnico (IST, criado pelo Decreto de 23.5.1911); 3) Instituto Superior do Comércio (ISC, criado em 1911), ulteriormente ISCEF; 4) Escola Superior de Medicina Veterinária (1911), que passou a ESMV (1918) e a FMV em 1.8.1989;
-posteriormente foram integradas na UTL o Instituto Superior de Estudos Ultramarinos (Decreto n.º 43.858, de 14.8.1968), sucedido pelo ISCSP e antecedido pela Escola Colonial (18.1.1906); o INEF (1940-1975), futuro ISEF (1975-1989)/FMH (9.3.1989); a Faculdade de Arquitetura (DL n.º 498-E/79, de 21 de dezembro);
-a insígnia professoral primitiva que se usou até inícios da década de 1980 foi um epitógio de tecido de lã na cor oficial de cada escola, orlado de pele branca de coelho ou de arminho, e de pele roxa no caso de Veterinária;
-as cores fixadas em 1945 foram as seguintes: ISA, epitógio de lã verde orlado de pele branca; ISCEF, epitógio de lã vermelho orlado de pele branca; IST, epitógio de lã azul clara orlado de pele branca; ESMV, epitógio de lã amarela orlado de pele roxa.

Não sabemos:
-não se conhece nenhum documento onde a UTL fundamente a escolha das cores consagradas e o mesmo vale quanto ao fundamento do despacho de aprovação do então Ministro da Educação José Caeiro da Mata;
-o desenho da toga aprovado em 1945 é muito elementar, não contendo quaisquer especificações quanto aos moldes de confeção. Não é fácil perceber se as mangas incluem machos ou canhões. Não se diz nada sobre o feitio das costas. Mal se percebe que o fechamento dianteiro é de tipo assertoado. O modelo da gorra é excessivamente esquemático e nem sequer está referido na portaria;
-qual o fundamento do carmim (vermelho rubi), cor oficial do ISCSP, consagrado no Despacho de 6 de janeiro de 1955, que se usa com veste aprovada na data referida, distinta da toga adoptada pela UTL em 1945;
-qual o critério de adopção do castanho como cor da FMH;
-qual o critério de aprovação da cor oficial da FA, cujo tom predominante parece ser o branco, tal como ocorre nas universidades espanholas;
-como é que a reitoria da UTL programou e realizou os honoris causa anteriores a 1945, que começam a realizar-se regularmente a partir de 1934. Uma vez que o traje e as insígnias só foram aprovadas em 1945, terá sido entregue apenas o diploma?

Sabemos:
-a UTL tem selo oficial, aprovado em data não referenciada, composto pela caravela de S. Vicente, símbolo da cidade de Lisboa, inscrito numa cercadura preta com as letras "Universidade Técnica, Lisboa". Não está apurado o nome do autor do desenho do selo, cuja caravela simbolizaria a tecnologia;
-a UTL tem a seguinte divisa ou lema "Por que cresçam as rendas e abastanças";
-cada uma das escolas federadas na UTL tem, além de cor distintiva, bandeira própria e distintivo. Ex: a FMV, bandeira em branco e amarelo, com escudo circular central em branco, preto e amarelo. No interior um centauro e uma serpente. No rebordo as letras FMV. O IST tem um distintivo azul e branco com as letras maiúsculas IST. O ISA apresenta um logo com uma águia estilizada e tem como lema "Hinc patriam sustinet" (Virgílio). O ISEG usa um esudo vermelho e branco, com as letras ISEG dispostas no centro. O ISCSP apresenta um escudo bipartido com bordadura a ouro, metade vermelho, metade preto, com as letras ISCSP inscritas num listel branco. Visível ao centro um padrão dos descobrimentos marítimos.

Não sabemos:
-se a UTL realiza cerimónia anual coletiva de abertura do ano académico. Pela informação disponível na internet, fica-se com a ideia que este tipo de cerimónia só será realizado em algumas das escolas e separadamente;
-em que reitorado o epitógio foi substituído por um colar com medalha pendente;
-se está previsto algum tipo de aproveitamento do património académico/simbólico acumulado pela UTL no cenário em estudo de uma fusão entre a UL e a UTL (http://www.ul-utl.edu.pt). Os melhores processos de extinção, fusão e integração devem contemplar planos de gestão do capital cultural simbólico e imaterial.
Assim: a) todas as vestes, insígnias e distintivos existentes deveriam ser estudadas, filmadas e musealizadas e comunicadas à comunidade educativa; b) seria importante efetuar registo fílmico dos edifícios e recolher testemunhos de funcionários, estudantes, dirigentes associativos e professores; c) um bom plano de gestão deverá apresentar soluções viáveis para a reutilização desse património em novos contextos de uma "Nova Universidade de Lisboa".

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Hinos portugueses (2010)

Rosto da obra Hinos patrióticos e militares portugueses. Lisboa: Estado-Maior do Exército, 2010, 351 pág. Trabalho prefaciado por João Soeiro de Carvalho, com assinatura de Alberto Ribeiro Soares (Coronel de Artilharia, professor e investigador de história militar), Pedro Alexandre Marcelino Marquês de Sousa (Tenente-Coronel, professor, investigador e músico), e Manuel Joaquim Ferreira da Costa (Major, chefe de Banda de Música).
Obra fundamental para os estudiosos de cerimonial, organiza as partituras em conformidade com as seguintes conjunturas políticas:

-Reação da Monarquia Portuguesa à revolução Francesa/Ida da corte para o Brasil e aliança com a Inglaterra;
-A revolução Liberal em Portugal/Afirmação do Liberalismo;
-A independência do Brasil em 1822/Reflexos na sucessão de D. João VI;
-Recuperação aboslutista de D. Miguel/Suspensão da Constituição;
-Guerra Civil entre liberais e absolutistas (1828-1834);
-A vitória do liberalismo/Instauração do regime liberal;
-A regneração/Estabilidade política e progresso económico;
-Imperialismo e nacionalismo/A questão colonial, Conferência de Berlim, Ultimato Inglês;
-O Estado Novo/Nacionalismo e culto dos símbolos da Pátria;
-Esforço de manutenção do império/A guerra em África  (1961-1975);
-Revolução do 25 de Abril/As Forças Armadas e a sociedade portuguesa.

Cada uma das partituras é completada por dados identificativos e contextualizadores como título, autorias, local de composição, data, textos cantados, anotações complementares e indicação de localização em arquivo/museu/biblioteca.