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sábado, 12 de maio de 2012

Um estudo sobre o cerimonial da Assembleia Legislativa de Pernambuco (2008)

Edlane Brandão de L. Nascimento e Sérgio José Pereira da Silva apresentaram em 2008 à Universidade de Pernambuco um trabalho académico intitulado «A importância do cerimonial na Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco» (Recife: Universidade de Pernambuco, 2008, 45 p., disponível em http://www.alepe.pe.gov.br/paginas/vermonografias.php?doc=Sergio+Jos%E9Pereira+da+Silva.pdf). Orientou este trabalho a Prof. Marta Rocha e foi examinadora a Prof. Edna Cavalcanti.
A monografia integra uma primeira parte teórica, de estruturação simples e acessível, e uma segunda parte mais prática, orientada para o estudo de situação da Assembleia. No dizer dos autores "Este trabalho tem como propósito principal demonstrar a importância do cerimonial e protocolo na Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco".
O trabalho apresenta a seguinte estrutura:

1-Introdução
2-Comunicação organizacional e política
3-Cerimonial e protocolo
4-O papel do cerimonial político
5-O cerimonial no Poder Legislativo
6-O cerimonial na Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco
7-Conclusão
8-Referências bibliográficas

Os autores intentam distinguir em linguagem acessível conceitos como comunicação institucional, política, propaganda, administração de funcionários públicos, relações públicas, cerimonial e protocolo. Exemplificam e demonstram os raciocínios através de exemplos. Entendem o cerimonial como um instrumento imprescindível na construção da identidade e processos comunicacionais das instituições públicas. Uma atitude que faz toda a diferença relativamente a alguns complexozinhos de que vamos tendo notícia.

Retrato de frei Isidoro do Espírito Santo, monge beneditino, século XVIII, acervo do Museu de Évora, n.º de Inv. ME 667
Veste túnica preta beneditina e sobre a mesa ostenta barrete doutoral de Teologia. Este é de armação quadrangular, forrado de seda preta, sem cristas, ornado de pega barroca revestida de passamanaria de seda branca. Da base da pega descem os fiapos de seda da borla que ultrapassam o rebordo inferior, apercebendo-se a espaços festões armados. Pega muito simples, armada com prego/parafuso interno, 3 bolbos e pequena haste, sobrepostos, sendo o da base mais volumoso. Os bolbos revestiam-se a agulha e fio de seda, um a um, num longo jogo de habilidade e paciência que obrigava a bordadeira a ter a pele das mãos muito lisa e a ir humedecedo o fio com saliva. Este exemplar corresponde ao barrete doutoral laureado ibérico. Como é sabido o barrete quadrado foi abandonado na Universidade de Coimbra com a reforma pombalina de 1772. Uma nota suplementar: não consegui obter dados sobre o retratado, salvo que seria natural de Santarém. Terá obtido o grau de doutor em Coimbra ou em Évora?

Provedor com vara e irmãos da Santa Casa da Misericórdia de Vila do Porto, ilha de Santa Maria, Açores (foto de imprensa)

Símbolos institucionais: vara de provedor, em madeira (jacarandá?) com engastes. Exemplar próximo do modelo usado na Santa Casa de Coimbra (esta é desmontável por módulos de madeira encaixados e remata superiormente com pinha de prata); emblema em tecido (cruz grega, em cetim branco)

Veste corporativa: balandrau preto, de tipo opa, sem mangas, embainhado pelo joelho, com cabeção, capuz de nojo e mangas falsas pendentes. Interessante variante do balandrau à portuguesa, cuja morfologia lembra exemplares de togas universitárias ainda em uso em Oxford e na Irlanda.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Abertura da Universidade de Mastricht

Cortejo de abertura da Universidade de Mastricht 2011/2012

1-cortejo na via pública com bedel, reitor e corpo docente revestido de toga de festa e gorra
2-entrada no auditório

Um exemplo das universidades europeias que na após modernidade redescobrem a rua como espaço público de reinvenção, diálogo com a comunidade educativa e apelo à prestação de serviços.

Abertura de Bruxelas-a-Nova (2007)

Cortejo académico de abertura da Universidade Católica de Bruxelas-a-Nova, 17.9.2007

1-atuação de formação de trombeteiros
2-agremiações de estudantes
3-bedeis
4-governo da UCL e corpo docente

Procissão da recolha dos açafates (2008)

Procissão da recolha dos açafates de pão doce ou "procissão das rosquilhas" do Espírito Santo, Criação Velha, ilha do Pico, Açores, 2008
Sequência do registo fílmico realizado pela "Rádio Pico":

1-folia com 2 tambores e voz
2-vereadores do império com varas vermelhas
3-cortejo imperial de recolha dos açafates
4-descarregamento dos açafates no arraial
5-benção do pão
6-distribuição dos pães

terça-feira, 8 de maio de 2012

Festas do Espirito Santo (1987)

Registo fílmico na freguesia da Criação Velha, concelho da Madalena, ilha do Pico, Açores, 1987
Sequência:

1-final da missa (cantada) da coroação do imperador/mordomo, ouvindo-se o HINO DO ESPÍRITO SANTO (Alva pomba, que meiga apar'ceste), composição oitocentista feita na ilha de S. Miguel pelo padre Delgado*, que se canta no novenário e na coroação [nalgum tempo se entoava o gregoriano Veni Creator Spiritus];
2-saída do cortejo imperial da igreja para a casa do Espírito Santo, com a seguinte ordenação: fogueiro; folia; lanternas; estandarte(s); coroa(s) substitutivas e imperador com coroa; pajens; padre; banda filarmónica;
3 - [bodo imperial ou função das sopas de pão e carne. Omisso no registo];
4-procissão da recolha dos açafates de rosquilhas. A recolha do pão faz-se a meio da tarde, sendo anunciada pelo fogueiro com lançamento de um foguete. Outrora, na paragem junto de cada casa que ofertava um açafate de pão lançava-se um foguete e os foliões entoavam uma loa (nas terras onde os foliões cantavam). Como se pode ver no filme, junto de cada mulher transportadora de açafate de rosquilhas segue um vereador com vara alta vermelha.
Ordem do cortejo (que dá dois ou mais giros em função da topografia da localidade, subindo às "canadas" íngremes apenas o alferes da bandeira e o fogueiro): fogueiro; folia; alferes da bandeira em "casola" de varas; imperador em casola de varas; pároco em casola de varas (sem pálio); banda filarmónica;
5-descarregamento dos açafates no arraial do império;
6 -benção dos pães;
7-distribuição dos pães (desde a década de 1970 em viaturas motorizadas. Outrora nos carros do império, carros de bois vistosamente engalanados e recamados de colchas que se usavam nas seguintes situações: peditórios dentro e fora da localidade, transporte dos vinhos, lenhas, ramagens, potes de banha, pães doces, cestos de alhos e cebolas para a copeira; distribuição das pensões; distribuição dos pães do bodo).

Outros momentos da festividade omissos no filme:
a) sortes ou pelouros, tradicionalmente tirados no final do banquete entre os irmãos inscritos, em chapéu ou saco. Apenas não se tiram pelouros quando alguém se ofereça por promessa de fé a assegurar o império no ano seguinte. Nestes casos o novo imperador é "declarado" em voz alta, numa espécie de aclamação. O sistema comum consistia em lançar bilhetes enrolados num saco ou chapéu, caindo o pelouro imperial ao irmão/confrade que tirasse o bilhete com o emblema da coroa. O novo imperador/ou mordomo escolhia os oficiais da sua casa civil e militar, mantendo-se nos cargos os foliões, o fogueiro, o armador do teatro, o copeiro-mor, o pregoeiro e o matador. Já os pajens (da coroa, do ceptro, do reposteiro do trono, da almofada de ajoelhar), o alferes, o pajem do estoque/condestável, as meninas das cestinhas das flores e os vereadores mudavam a contento de cada novo imperador e do gosto da imperatriz**.
b) arrematações de oferendas pelo(s) pregoeiro(s), que podiam incluir pães doces, citrinos, bovinos e aves.
NOTAS
* Utilizei como fonte de informação o "Cancioneiro de músicas populares" de César das Neves (Porto, 1893), Volume 1, p. 146 e ss. Em publicação recente, a Doutora Maria de Jesus Maciel confirmou a origem micaelense deste hino, mas indicou com autor da letra Guilherme Read Cabral, e da música o mestre da capela da matriz de Ponta Delgada Jacinto Inácio Cabral (cf. A Casa do Espírito Santo. Ponta Delgada: Nova Gráfica, Lda., 2011, p. 12, anotação 10). Terá sido induzido em erro o informador de César das Neves?
** tradicionalmente a "imperatriz" era a esposa do imperador ou do mordomo que acompanhava sempre o conjuge no novenário, nos cortejos e no bodo. Nas comunidades onde o imperador se sentava em dossel e dava uma audiência de Justiça, a imperatriz tomava lugar no trono à direita do imperador. Tinha direito a aias, a tratamento de V. Majestade, a mesuras e a loas dos foliões. Cabia-lhe superintender na preparação da sala onde era armado o trono para o novenário (e onde decorria o baile imperial, caso da Ilha Terceira), bem como na escolha e convite às meninas dos flores (lançadoras de pétalas) e a todas as colaboradoras da casa imperial. Não se pode confundir a imperatriz com a "rainha", uma figura de ostentação surgida nas comunidades de emigrantes açorianos dos EUA, trazida para os Açores nos finais da década de 1930. Consta que na Ilha do Pico a primeira irmandade a exibir em cortejo uma rainha com manto de cauda, tiara e damas de honor foi a de Santa Cruz das Ribeiras, por 1939 (Cf. Maria de Jesus Maciel, p. 54). A moda fez furor e nos anos setenta do século XX diversas irmandades do concelho das Lajes do Pico iam a Santa Cruz tomar de empréstimo a tiara, o manto e as capinhas das aias. Havia ainda quem pedisse emprestada uma coroa suplementar para a rainha exibir no cortejo. Um luxo kitsh, influenciado pelos concursos das miss beleza, pois nos anos iniciais as "rainhas" não tinham direito a protocolo: não ocupavam o dossel, não desfilavam à mão direita do imperador/mordomo, não tinham direito a ser coroadas na missa, não se sentavam na presidência da mesa durante os bodos nem eram anfitriãs nos novenários que antecedem a função. Creio que a partir da década de 1980 esta situação foi mudando e as rainhas terão passado a ser coroadas, ofuscando os imperadores eleitos. A moda da rainha está também popularizada na Ilha de S. Miguel.

domingo, 6 de maio de 2012

Honoris causa do Prof. Saaty, Cracóvia (2011)

Cerimónia de atribuição de grau de doutor honoris causa ao Prof. Thomas Saaty, Uniwersytet Jagiellonsky, Cracóvia, 6.10.2011

Investidura da equipa reitoral na Universidade de Graz (2011)

Cerimónia de investidura da nova equipa reitoral, Universidade de Graz, 1.10.2011 (posse da equipa da reitora Christa Neuper):
Sequência: cortejo de entrada em sala; o reitor cessante entrega as insígnias à nova reitora (costume idêntico é praticado nas universidades espanholas); discursos; inauguração do retrato do reitor cessante; encerramento do ato e saída.

Cerimónia na TUWien (2011)

Cerimónia de investidura da equipa reitoral liderada por Sabine Seider, Universidade Politécnica de Viena, 2011.
Sequência: o bedel apregoa o início da cerimónia; entrada do corpo docente em cortejo; discursos; investidura da nova equipa reitoral; discursos.