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quinta-feira, 25 de abril de 2013

O traje de abatina com calças compridas, professorado de seminário, 1892
Fonte: http://www.leokonvikt.de/fileadmin/user:upload/Artikel_Bilder/Weihebilder/1892--1.jpg

Retrato do pároco de Lurdes, Dominique Peyramale (1811-1877) que exercia o múnus ao tempo das aparições invocadas por Bernardette Soubirous (1844-1879). Ficou conhecido pelo seu feitio difícil e colérico. Veste batina talar de um corpo à francesa, com calções, meias altas, cabeção, plastron preto debruado de branco e chapéu de presilhas à francesa ainda com a aba recurvada (após o fim dos estados pontifícios e o Vaticano I viria a tornar-se no capello romano ou saturno, substituindo assim o clássico tricórnio de feltro ou chapéu de três bicos). A batina francesa também apresentava saio delineado por três machos (1 traseiro, 2 laterais), tal como a romana, mas tinha mangas tubulares estreitas e sem debruados e era exageradamente justa no peito e nas costas. Alguns alfaiates franceses confecionavam o saio com panos costurados de través, como documenta esta imagem, em vez de os unirem na vertical como faziam os primorosos alfaiates estabelecidos em Roma. Outro elemento curioso, que penso que tenha definitivamente caído em desuso, era o modo de trajar a faixa, que nos padres franceses vinha sempre com as pontas atiradas para trás. No trajar à romana, ou melhor, à corte pontifícia, as pontas da faixa caiam verticalmente pelo lado esquerdo, tendo até as batinas romanas uns cordões presos entre a cintura e o sovaco para melhor suportar o peso da faixa e evitar que esta escorregasse.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Tomo de empréstimo ao blogue Bernardino Machado, http://manuel-bernardinomachado.blogspot.pt/, esta fotografia do estudante Correia Cunha, quintanista da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra em 1884, dada a sua riqueza iconográfica: ampla capa talar lançada no modo da toga, com alamar de tecido fixo ao colarinho; abatina de carcela dupla (a exterior já sem botões) com a gola de gabardine ou de orelhinhas de cão que esteve na moda nas décadas de 1870-1880 e que também era usada pelos bispos anglicanos e ministros protestantes; a pasta de luxo, estofada de vermelho, com fitas de seda que ainda não atingiram a largura que se viria a generalizar no século XX.

O PR Bernardino Machado discursa na Academia das Ciências de Lisboa, 14.6.1917. Ocupa a cadeira da presidência. Ladeado por notáveis de casaca e advogados com toga e grande colar.
Imagem publicada no blogue Bernardino Machado, http://manuel-bernardinomachado.blogspot.pt/, a partir do arquivo da ACL.

Cerimónia de consagração dos finalistas católicos da Universidade do Porto pelo bispo diocesano D. António Ferreira Gomes, sé catedral do Porto, 2 de maio de 1958.
Esta imagem fixa no essencial o que era antes de 1974 a cerimónia católica de consagração dos finalistas das universidades de Lisboa e Porto e dos quintanistas da Universidade de Coimbra.
Esta festa foi promovida pelos alunos católicos da Universidade de Lisboa em maio de 1926. Chamava-se Consagração dos Finalistas e era celebrada pelo patriarca de Lisboa (na sé de Lisboa?). Em maio de 1932 a Consagração dos Quintanistas Católicos ao Sagrado Coração de Jesus [da Universidade de Coimbra] teve a sua primeira realização na sé velha de Coimbra, presidida pelo bispo diocesano. Seguiu-se em 1933 a Universidade do Porto.
Caraterísticas predominantes desta celebração religiosa no período anterior a 1974:

-festa dinamizada e implementada pelos estudantes universitários católicos finalistas/quintanistas em articulação com o capelão/diretor espiritual;
-festa realizada no final do ano escolar;
-festa realizada em templo católico;
-festa não integrada oficialmente no programa da Queima das Fitas/Festa da Pasta;
-programa celebrativo estruturado em confissão, missa solene, comunhão, consagração individual de joelhos ante o prelado, beija-mão, fotografia de grupo (estudantes com as pastas, bispo/patriarca).
No caso da UC, conhecemos fotografias da década de 1930 de estudantes com o bispo no claustro da sé Velha. Fotos da década de 1940 confirmam que celebração transitou para a capela da Universidade, tendo passado a comparecer o corpo docente em hábito talar e os archeiros com libré de gala.
Ainda antes de 1974, pelo menos a partir da década de 1950, a missa de consagração dos finalistas generaliza-se em grande número de escolas do magistério primário de Portugal continental (ex: Beja, Leiria, Aveiro) e de Angola (ex: Silva Porto). Nas fotografias visualizadas, as alunas/alunos vestem à civil e ostentam umas pastas de cartão forrado com monumentais fitas, com distintivos pintados. As fitas eram em cor(es) que não conseguimos identificar.

Foto publicada pelo Prof. João de Matos no blogue Memória antiga e recente, http://memoriarecenteeantiga.blogspot.pt/, que nos autorizou a utilização.