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sábado, 9 de julho de 2011

Logo relativo à Faculdade de Direito nos lanternões da Praça da Porta Férrea. Exemplo acabado da estética fascista, com recurso a elementos violentadores da cultura académica. A viril matrona de João da Silva é enquadrada por fuste e lampiões que fazem lembrar de imediato os pendões utilizados nos desfiles militares nazis e fascistas. Ainda mais estranho, a base faz lembrar as estilizações da caravela de São Vicente, património do brasão municipal de Lisboa. Lembre-se que este tipo de representação fora exaustivamente divulgada no cortejo celebrativo da Conquista de Lisboa aos Mouros, realizado em 1947, e amplamente divulgado na comunicação social, em filme e em brochuras impressas.



Representação da Sapientia na calçada à portuguesa junto à entrada da Porta Férrea. Logotipo predominante na década de 1950, sintonizado com o gosto estético oficial do Estado Novo e das elites dominantes na Universidade de Coimbra. Aparece replicado nos postes metálicos dos candeeiros de aparato dispostos na Praça da Porta Férrea e ao longo da antiga Rua Larga. O seu autor foi o artista João da Silva, que também assinou o logotipo para a Universidade do Porto. Aliás, os dois logos assemelham-se bastante. A Sapientia de João da Silva é uma matrona viril, que nada deve às graciosas esculturinhas produzidas nos séculos anteriores.



Atributos do emblema da Faculdade de Leis ou de Direito Civil da Universidade de Coimbra: espada, balança e barrete doutoral sobre livro (Corpus Iuris Civilis). Relevos de Claude Laprade cinzelados em 1700, Gerais das Escolas. O barreto doutoral é do tipo redondo, coberto de flocos de seda vermelha, com pega.



Alegoria da antiga Faculdade de Direito Canónico da Universidade de Coimbra. Escultura de vulto no arco da Porta Férrea, século XVII





A Raposa



Dos animais que Minerva tem em Coimbra, a Raposa é dos mais célebres e temidos. Simboliza o insucesso escolar, o chumbo às canelas nos actos. Nos liceus portugueses era conhecida por bicha, zorra e gata, sendo julgada e enterrada no final do ano escolar para afastar o azar.



Neste mimoso azulejo, assente na base da torre da Universidade de Coimbra, podemos observar a superfície raspada pelos pontapés que sucessivas gerações de novos doutores lhe foram desferindo. A tradição era [ainda é?] a seguinte: quando um novo doutor tomava capelo, após a imposição da borla e capelo vinha pontapear a raposa. Caso não o fizesse, acreditava-se que a carreira académica poderia correr mal.



Relativamente aos animais potenciadores de sucesso e de azar, os estudantes de Coimbra oscilavam entre a Raposa e o Urso. Melhor dizendo, dois ursos. O Urso Maior simbolizava o marrão dos marrões, o estudante premiado e louvado com notas máximas (nível excelente), em cuja cabeça se começava a vistar o brilho dos louros de Minerva. O Urso Menor, respeitava ao estudante com notas de nível bom. O estudante que acabava o ano com as canelas mordidas pela Raposa era o rei dos boémios. E aqui, entre os chumbados havia distinções. O chumbado porque queria chumbar, não lhe faltando capacidades. E o Burro, ou doutor carregado de livros, que chumbava por míngua de capacidades, mas que aos olhos dos calouros era doutor como os demais pois que "a capa tudo tapa" e "quem tem capa sempre escapa".



A Alma Mater Studiorum, também conhecida por Minerva e Sapientia, sobre o arco da Porta Férrea da Universidade de Coimbra. Escultura do século XVII