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quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Momentos da investidura episcopal

Imposição
Na ordenação episcopal, a seguir à prostação, o dignitário celebrante procede à imposição das mãos sobre a cabeça do novo bispo, em sinal de invocação do Espírito Santo, sendo seguido neste gesto pelos restantes concelebrantes. Nas universidades históricas, o ritual de investidura era antecido por um acto religioso católico propriamente dito, a Missa do Espírito Santo, cerimónia que se usou em Portugal até 1910 nas grandes cerimónias da Universidade de Coimbra e na Abertura Solene das Cortes. Em França, a "Messe Rouge" foi levada a cabo até 1900 na Abertura Solene do Ano Judicial. Feita a separação entre cerimonial religioso e académico, em Coimbra ainda se mantém a imposição de mãos nos doutoramentos, enquanto em Salamanca, Complutense, e noutras universidades espanholas, se continua a cantar o "Veni Creator".


O livro aberto
Imagem ilustrativa da abertura do Livro dos Evangelhos sobre a cabeça do Arcebispo Pawlu Cremona, Janeiro de 2007. No ritual ortodoxo russo também se usa abrir o livro das escrituras sobre a cabeça do investido, mas este encontra-se disposto de costas para o ordenante.



Abertura dos Evangelhos

No ritual de ordenação dos bispos, após a prostração e a imposição de mãos, seguia-se a abertura do Livro dos Evangelhos sobre a cabeça do ordinando. Este ritual, ligado ao acesso ao conhecimento, também ocorre nas universidades históricas da Península Ibérica. O livro da Sabedoria estava igualmente associado aos cerimoniais fúnebres de dignitários, sendo exibido nos velórios, ora sobre o peito, ora a servir de almofada (o "Código de Justiniano", no caso de alguns juristas franceses). Ordenação do Bispo Ballin, 2005.

Anéis episcopais
Colecção de anéis da Catedral de Santa Maria della Vittoria, Boston.
(apud "Cardinal Seán's Blog", http://www.cardinalseansblog.org?p=550)


Outorga do anel
Os rituais clássicos de investidura requeriam a presença de um anel, que simbolizando a união do neófito à sua mãe espiritual, serviam de chancela de auticação de documentos.



Imposição da mitra

Nos rituais clássicos de investidura, a aquisição da honra passava obrigatoriamente pela cabeça, a qual resplandeceria ou a destacar-se-ia por via de uma coroa de louros, áurea ou chapéu. Daí que na arte sacra e no imaginário religioso, académico, militar e monárquico, a mudança de estado implicasse coberturas de cabeça. Na ordenação dos bispos usava-se uma mitra oriental de dois bicos, configuração associada aos chifres sapientais de Moisés, e não o galero. No caso dos bispos, o galero verde de borlas pendentes, era um chapéu cerimonial e heraldístico e não uma insígnia de investidura (ordenação do Bispo Ballin, 2005).


O báculo
Momento da outorga do báculo ao novo bispo. Símbolo do "pastoreio" das almas dos crentes, os báculos episcopais apresentam configurações distintas no Ocidente romano e no Oriente ortodoxo. Apesar das diferenças estéticas, os báculos enquadram-se no universo dos bastões e varas do mando/poder, cuja presença é conhecida na arte sumérica e egípcia (ordenação do Bispo Ballin, 2005).


A cátedra
Após a investidura, e exibindo as insígnias da sua dignidade, o novo bispo é solenemente centrado na cátedra, ritual que simboliza a tomada de posse da sua catedral pelo eclesiástico. Em algumas catedrais, a cátedra episcopal é de grande aparato, assente sobre estrado e emoldurada por baldaquino (ordenação o Bispo Ballin, 2005)


Os abraços
A cerimónia de ordenação de um novo bispo contempla o beijo da paz ou troca de abraços entre o ordenante e o ordenado, ritual que numa fase mais recuada admitiria apenas o beijo na face.
(reportagem sobre a ordenação do Bispo Ballin, em 2 de Setembro de 2005, "Episcopal Ordination and installation of H. L. Bishop Camillo Ballin as Vicar Apostolic of Kuwait", http://www.catholic-church.org/Kuwait/bishop_ballin_episcopal_ordination.htm)


Entrada solene
Embora decorresse em momento autónomo e posterior à ordenação episcopal, a entrada solene do novo bispo na sua diocese constituía um momento alto de afirmação pública do cerimonial católico. O ritual, cuidadosamento codificado no "cerimonial dos bispos", apresentava semelhanças com as entradas régias, os passeios doutorais e aspectos selectivos do "triunfo" romano. Em Portugal, a cavalgada triunfal de entrada foi mantida em algumas dioceses até finais do século XIX.
Nesta gravura, de índole exemplificativa, o novo bispo avança em direcção ao pórtico nobre da sua catedral, em cavalgada triunfal, resguardado por um pálio.
(gravura anexa ao "Caeremoniale Episcoporum, Livro I, Capítulo II, com edições em 1600 e 1752: http://www.ceremoniare.net/office_divin/caer_esp_1/-40k)

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Imagens da criação de novos cardeais


Outorga do Anel
Momento da entrega do anel cardinalício pelo Papa Bento XVI ao Novo Cardeal Sean Patrick O'Malley, Roma, 25 de Março de 2006.


Préstito
No dia seguinte ao da criação dos novos cardeais romanos tem lugar a Missa de Outorga dos Anéis Cardinalícios. Aspecto do cortejo que anteceu a missa e outorga dos anéis de ouro, desfilando na frente, ordenados dois a dois, os Novos Cardeais, e na rectaguarda o Papa Bento XVI (Praça de S. Pedro, 25 de Março de 2006).


Os Abraços
Investidura dos novos cardeais romanos, Praça de S. Pedro, 24 de Março de 2006.


Imposição do Barrete
Não obstante as modificações registadas após 1969, o ritual da "criação" dos cardeais romanos mantém o essencial da investidura clássica de raiz medieval. O laureado ajoelha ante o trono papal, sendo elevado à dignidade de cardeal através da imposição do barrete cardinalício (aposto sobre o solideo). A fotografia regista o momento da investidura do Cardeal Sean Patrich O'Malley (que fora Arcebispo de Boston) em 24 de Março de 2006.
O ritual romano da elevação dos cardeais era praticamente idêntico ao praticado nas universidades de fundação medieval no tocante à investidura de bacharéis, licenciados, mestres e doutores. Em Coimbra, o cerimonial de criação de bacharéis, licenciados e doutores, manteve um figurino contíguo ao da Casa Papal até 1910. Os graus eram solicitados de pé, mas as colações eram conferidas de joelhos ante a autoridade académica.

Transporte dos Barretes
Camaristas da Casa Papal transportam salvas de prata com os barretes destinados à cerimónia de investidura dos Novos Cardeais romanos (foto de Franco Origlia). A cerimónia, conduzida pelo Papa Bento XVI, teve lugar na Praça de São Pedro, no dia 24 de Março de 2006.