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sábado, 26 de abril de 2008

Pedell
Na Suécia, em vez de trajes académicos de feição talar e de barretes doutorais, predominam as casacass burguesas oitocentistas e as cartolas. Neste caso peculiar, a Orebro Universitet, fundada em 1977, adoptou a figura do "pedell" (bedel).
[http://www.oru.se/templates/oruExtNormal_17050.aspx?open=16656]


Abertura do Parlamento de Westminster
Na cerimónia anual de abertura do Parlamento de Westminster, o Gentleman Usher of the Black Rod dirige-se à porta da sala da Casa dos Comuns e desfere três bastonadas com a vara de ébano. Em Portugal, o ritual das bastonadas e vozes era usado nos tribunais, tradição que se manteve quase até 1974 em comarcas como São Roque da Ilha do Pico.
[http://www.cofc.edu/~mccandla/QueensSpeech2.htm; http://parliament.uk/about/images/people/blackrod.cfm]


Usher of Black Rod
Oficial do "Black Rod" na frente do cortejo parlamentar de investidura do Governador Geral da Austrália, Sir Paul Hasluck, em 1969. A vara de ébano, encimada pela coroa britânica, configura uma variante afeiçoada das antigas varas portuguesas de juiz, provedor, mordomos de confrarias, oficial de justiça e vereador municipal. A título de exercício comparativo, a antiga vara dos provedores da Misericórdia de Coimbra era quase igual ao modelo fotografado supra. No protocolo da casa real portuguesa ocorrem referências frequentes aos oficiais porta-canas ou porta-varas (não confundir com os reis-de-armas que transportavam maças de prata) que participavam em cortejos equestres e pedestres.
[http://www.foundingdocs.gov.au/enlargement.asp?eID=748&pID=24]


Black Rod
Nos parlamentos de tradição britânica a autonomia da Casa dos Comuns é simbolizada por uma vara preta de ébano com incrustações metálicas. Fotografia da tribuna da Casa dos Comuns, Parliament of South Australia.


Bedel
Imagem germâmica do século XVII, Historisches Museum Basel.

sexta-feira, 25 de abril de 2008


Leiden (a)


Leiden (b)
Foto a): a Universidade de Leiden, Holanda, no cortejo que antecedeu a atribuição do grau de doutor honoris causa a Alexander Andrew (Rússia), Sergei Starostin (Rússia), Alan Srouf (EUA), Dick Raaijmakers e Jan Vranken, no dia 7 de Junho de 2005;
Foto b): empunhando a maça de cerimónia e espreitando o "cebolão", o bedel denuncia a proximidade do Rector Magnificus Douwe Breimer. Sobre a toga, este enverga um conjunto de insígnias que remetem para universos simbólicos vicinais: dois epitógios próximos das soluções belgas; um capelo lilás semelhante ao modelo espanhol; uma cartola conforme o uso doutoral na Suécia e na Finlândia.


Bedel Lévy
Em primeiro plano: o Bedel Gerson Lévy abre o cortejo de recepção do Presidente René Coty à Sinagoga La Paix de Estrasburgo, realizada em 5 de Julho de 1957. Em fato civil de três peças, o bedel distingue-se pelo uso do bicórnio e porte do bastão distintivo. Já o grande rabi exibe sotaina talar, faixa, plastron e saturno com a aba ligada à copa por quatro cordões torsos. Em Portugal, camponeses e camponesas usaram diversas variantes destes chapéus, também eles munidos de cordões, mas tendo a mais borlas de tipo pompom, pormenor que fazia aproximar os congéneres portugueses dos chapéus de juiz e hierarquias católicas romanas.
[http://judaisme.sdv.fr/histoire/villes/nancy/levymir.htm; http://judaisme.sdv.fr/histoire/villes/strasbrg/gerson/glvy.htm]


Bedel Roger Seron
Roger Seron (1899-1985), reputado bedel da igreja belga de Grand-Leez, na frente de uma procissão, com libré militar, bicórnio napoleónio profusamente emplumado e longa vara superiormente rematada por empunhadura.
Em algumas catedrais, universidades, sinagogas ou confrarias, a função específica de mestre de cerimónias poderia ser desempenhada por um irmão confrade ou secretário. No caso da Univ. de Coimbra o Secretário passou a cumular as funções anteriormente adstritas ao mestre de cerimónias. Nalgumas catedrais portuguesas, tal função poderia caber cumulativamente ao sacristão. Em certas ilhas dos Açores, um dos irmãos das irmandades do Divino Espírito Santo, era chamado a desempenhar o cargo de mestre de cerimónias, sendo a sua vara popularmente designada por "vara de enxota porcos", na concretização de um cerimonial que reproduzia ipsis verbis as formas de representação do poder da casa real portuguesa e de algumas cortes europeias. A designação parece não fazer sentido, mas se nos lembramos de procissões de aldeia e de vila cuja trajectória se cruzava com animais domésticos à solta nas ruelas e terreiros, a expressão acaba por ganhar outra inteligibilidade.
[http://www.grand-leez-petit-leez.be/le-bedeau.htm]

Bedeis e Reitor
Gravura existente na Biblioteca da Universidade Católica de Louvaina (Katolieke Universiteit Leuven), datável de 1669-1670. As maças metálicas rematam com charolões típicos do gótico flamejante, anteriormente assinalados em maças das Univerisidades de Paris, Saint Andrews e Glasgow (Escócia). As coberturas de cabeça dos bedeis oscilam entre o chapeirão de feltro "à puritano", o boné de pala em anel de Saturno (consagrado como barrete doutoral em universidades britânicas e suiças após as cisões religiosas de 1517) e o chapéu dito "à espanhola" (consagrado na década de 1570 por Filipe II).
[http://www.bibe.kuleuven.be/bibc/booksleuven.htm]

Porta-vara de catedral
Albert Lander, "verger" da Grace Cathedral of San Francisco, California, em exercício de funções entre 1995-2005. Neste caso não se trata de uma maça metálica cerimonial, nem de um bastão, mas sim de uma vara cerimonial escura, com engastes. Este modelo aproxima-se substancialmente das varas pretas usadas em Portugal pelos oficiais de justiça (entrada solene de magistrados nas comarcas, cerimonial judiciário de sala, recepções a chefes de Estado, exéquias, participações em procissões e cortejos) e vereadores municipais em contextos específicos fúnebres (ritual da quebra dos escudos por morte de chefe de Estado).
[http://www.gracecathedral.org/enrichment/crypt/cry_20030305b.shtml]


Confraria em procissão
Mordomo (provedor?) de confraria mortuária na festa de Santa Fermina, Roma, Maio de 2007. Como insígnia exibe um bastão curto, de fuste preto, com as duas extremidades emponteiradas, ornamentação de temática funerária e gracioso grilhão pendente. De acordo com o Livro II, Título XLVIII, dos "Estatutos Velhos" da Univ. de Coimbra, os bedeis usariam "varas" pretas ou bastões de três palmos de comprido, com engastes de prata, nos actos de Augustiniana, Princípios, lições de Suficiência e Conclusões. Aqui fica um bom exercício comparatístico e reconstitutivo de uma antiga insígnia da Univ. de Coimbra que não chegou a ser musealizada.


Confraria
Membros de uma confraria num momento de oração na sacristia da Igreja da S. Trinità dei Pellegrini, Roma, nos momentos que antecederam a Missa do Galo de 2007: os confrades ostentam bastões profusamente ornamentados e uma vara (mordomo, provedor). Este tipo de insígnias era comum a diversos contextos cerimoniais europeus de âmbito caritativo (confrarias, irmandades, misericórdias), religioso (catedrais), militar, judiciário, universitário, municipal, parlamentar e hospitalar.